São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Nota de aluno em exame do Estado recua dois anos

Estudantes tiveram em 2010 nível de aprendizagem semelhante ao de 2008

Dados são do Saresp, que avalia matemática e português na rede pública; só alunos do 5º ano tiveram avanço

TALITA BEDINELLI
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Alunos que terminaram os ensinos fundamental e médio na rede estadual em 2010 tinham um nível de aprendizagem igual ou até pior que os formandos de dois anos antes -patamar que já representava grande defasagem.
A conclusão é baseada em dados do Saresp, exame do governo paulista que avalia o conhecimento de matemática e de português de estudantes da rede, divulgados ontem. A Folha adiantou o resultado geral ontem.
A pior situação foi em português no 9º ano do fundamental. No ano passado, a nota média (229,2) foi menor do que a de 2007 (242,6). A escala vai a 500 pontos.
Isso significa dizer que esse estudante estava quase quatro anos defasado -em 2010, tinha nível apenas pouco superior do que os especialistas esperam para um aluno do 5º ano (200 pontos).
No ensino médio, os estudantes do ano passado tiveram na disciplina um desempenho pior que os de 2008. O mesmo ocorreu nas duas séries no teste de matemática.
O único sinal de melhora foi no 5º ano do fundamental. Em matemática, as médias têm crescido desde 2007: de 182,5 para 204,6. Em português, a situação evoluiu nos últimos anos, mas ficou estável de 2009 a 2010.
"Pelo que a secretaria mobilizou de recursos para elevar esses resultados nos últimos anos, era de se esperar que as notas subissem, o que não ocorreu", diz o professor da Faculdade de Educação da USP Ocimar Alavarse.
Ao contrário do que houve nos outros anos, os dados do Saresp não foram apresentados em uma entrevista coletiva. A secretaria divulgou um e-mail com as informações.
Nele, o secretário Herman Voorwald, que assumiu neste ano a pasta, diz que "não há como dissociar essa variação negativa do Saresp de 2009 para 2010 da necessidade de mais professores efetivos na rede estadual. A rotatividade de professores é prejudicial ao aprendizado dos alunos".
O órgão diz que vai contratar mais 25 mil professores já aprovados em concurso.
Para a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Noronha, a grande falta de professores em 2010 ajuda a explicar esses resultados. No ano passado, lei estadual dificultou a contratação de temporários, que costumam cobrir a falta de docentes efetivos.
Na época, a Folha mostrou que a medida, alterada neste ano, fez algumas turmas ficarem até seis meses sem aulas em certas disciplinas.
As notas do Saresp ajudam a compor o Idesp, índice usado pelo governo paulista para bonificar professores de escolas que mais evoluíram.


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