São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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DESABAMENTO 2
Deputado diz que paga se não houver bloqueio de bens
Naya promete pagar aluguel de até R$ 1.500 a moradores

da Sucursal de Brasília

O deputado Sérgio Naya anunciou ontem que vai pagar R$ 1.500 aos moradores do Palace 2 que tinham apartamentos de quatro quartos para poderem alugar um imóvel enquanto a Justiça não decide em definitivo o valor das indenizações.
Para os moradores proprietários de apartamentos de dois quartos, ele disse que a sua empresa, a Sersan, pagaria um aluguel mensal de R$ 1.200. Durante o depoimento na Câmara, Naya prometeu começar a pagar esses valores para aluguel de um novo imóvel dentro de 30 dias, se a Justiça suspender o bloqueio de suas contas e bens.
Naya pretende indenizar os prejuízos relativos às parcelas dos apartamentos pagas pelos compradores, aos bens perdidos com a implosão do prédio e aos "prejuízos morais". "Serei o primeiro a pagar indenização por tragédia antes da decisão da Justiça", disse.
Ele reclamou que a Justiça nunca bloqueou os bens dos donos de empresas responsáveis pelo desabamento de prédios em São Paulo, no Rio e em Belém, e pelo acidente de avião que matou em 96 cerca de cem pessoas em São Paulo.
Para Naya, foi o enchimento da caixa d'água do Palace 2 que provocou a implosão "desnecessária" do prédio. Sem citar a Defesa Civil do Rio, responsável pelo isolamento do edifício, Naya disse que o enchimento da caixa teria sido proposital, para evitar o reparo das supostas falhas de cálculo estrutural em dois pilares.
Segundo Naya, a caixa d'água teria sido enchida para prejudicar o pedido que a construtora havia ajuizado na Justiça com a finalidade de sustar a implosão do prédio.
"Isso não existiu. É um absurdo", disse o coordenador técnico da Defesa Civil do Rio, Eronildes Melo. Naya disse que as falhas nos dois pilares do prédio iriam ser solucionadas, se não houvesse o enchimento da caixa, o que teria provocado novo desabamento e contribuído para a Justiça determinar a implosão, segundo Naya.
Reparos já foram feitos, disse Naya, nos pilares no Palace 1, que estaria com os mesmos problemas de cálculo estrutural apontados por Naya em relação ao Palace 2.
Ele apresentou estudos que apontam as falhas do cálculo estrutural feito pelo engenheiro José Roberto Chendes. Chendes negou que houvesse falhas em depoimento. O dono da construtora Sersan disse que análises feitas nos restos do edifício demolido não apontaram falhas na composição do concreto usado no Palace 2.
(ABNOR GONDIM)



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