São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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Medicina da Santa Casa suspende aula para proibir trote em calouro

da Reportagem Local

Após três dias de aulas suspensas, a direção da Faculdade de Medicina da Santa Casa e os diretores do centro acadêmico decidiram em reunião ontem de manhã acabar com o trote na faculdade.
As aulas para os calouros haviam sido iniciadas no dia 1º de março e foram suspensas para todos os 600 alunos da faculdade na última segunda-feira. O reinício será hoje.
"O trote existe em todas as faculdades do país, mas a Santa Casa não pode concordar com isso", disse o professor Décio Altimari, secretário-geral da faculdade.
Segundo ele, um dos motivos para a necessidade de acabar com a prática na Santa Casa é que a faculdade fica dentro de um hospital. "Os pacientes não merecem ver veteranos correndo atrás de calouros pelos corredores", afirmou Altimari.
De acordo com o professor, as aulas foram suspensas para que os alunos refletissem sobre o assunto e apresentassem um compromisso de transformar o trote numa espécie de "recepção dos calouros".
"Os alunos, a partir de agora, deverão impedir que ocorram abusos, agressões e vandalismo com os calouros", disse.
Altimari afirma que as atitudes de abuso e violência são, por exemplo, raspar o cabelo dos calouros ou obrigá-los a fazer "pedágio" na rua. O presidente do CA da faculdade, Rodrigo Ramos, 21, afirma que agressões físicas nunca ocorreram. Segundo ele, a diretoria do CA sempre defendeu brincadeiras de integração no lugar do trote violento.
O calouro D., 19, que pediu para não ser identificado, disse que dois ou três estudantes foram submetidos este ano à chamada "lavagem cerebral", que consiste em mergulhar a cabeça do aluno no vaso sanitário e puxar a descarga.


Colaborou o "Notícias Populares"


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