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CRIME
Para testemunhas, crime em frente de escola estadual é passional, mesmo assim, polícia diz não saber o motivo
Estudantes são mortos a tiros em Guarulhos
da Reportagem Local
Três homens armados mataram
a tiros os estudantes Adriano Santos do Nascimento, 14, e Jardel
Oliveira da Silva, 15. O crime
aconteceu ontem, às 23h, quando
os dois voltavam da escola em
Guarulhos (Grande São Paulo).
De acordo com testemunhas, o
crime pode ter sido uma vingança.
Depois de iniciar um namoro com
uma estudante chamada Priscila,
Silva foi jurado de morte pelo
ex-namorado da adolescente.
Há um mês, o homem teria telefonado para a casa de Silva e conversado com o pai do estudante, a
quem teria dito: "Os dias do seu
filho estão contados". Desde então, Silva evitava sair sozinho.
"Eram bons alunos. Respeitavam os professoras, eram aplicados e se davam bem com todos",
disse a professora de educação artística Ana Paula Casal de Rey, 29.
Anteontem à noite, Silva e Nascimento saíram de casa, no Jardim
Malvinas, e foram a pé à Escola Estadual da Cidade Serodio 2, distante cerca de 1,5 quilômetro.
Assistiram às aulas -cursavam
a 7ª série do 1º Grau- e, às 22h50,
saíram. Estavam com uma colega.
"Cheguei a casa, entrei e escutei
chamarem meus colegas: "Psiu,
vem aqui'. Fechei a porta e ouvi os
tiros", disse a estudante P.S., 15.
Segundo testemunhas, os três
assassinos -um deles mulato, alto e com boné amarelo- estavam
esperando os estudantes ao lado
da quadra de esportes da Escola
Estadual Brigadeiro Haroldo Veloso, perto de suas casas. "Ele era
meu único filho homem", disse
Natanael Nascimento, pai de
Adriano Nascimento.
A estudante de biologia Simone
Oliveira da Silva, 22, afirmou que
Silva, seu irmão, já havia deixado a
menina que lhe rendera as ameaças. Além disso, o único problema
que ele teve no bairro foi a pichação de um muro em 1997. "Ele era
alegre e gostava de capoeira."
Sem telefone
Embora as testemunhas relatem
as ameaças, a polícia informou
não ter suspeita. "Instauramos o
inquérito do caso. Agora é que nós
vamos ouvir as testemunhas", disse o delegado José Francisco Cavalcante Filho, 40, do 7º DP.
O inquérito foi aberto ontem à
tarde, depois de a delegacia receber o boletim de ocorrência. O crime havia sido registrado pelo 4 º
DP porque o 7º DP fecha à noite.
A Folha apurou que o setor de
homicídios da Polícia Civil de
Guarulhos, que deveria participar
da investigação, está com o telefone cortado. Também não tem delegado -quem responde pelo setor é o titular do Garra (Grupo Armado de Roubos e Assaltos).
"O 7º DP está apurando o caso.
Caso não o esclareça, ele passará
ao setor de homicídios, que, em
vez de reclamar com jornalistas,
deveria trabalhar", disse Marcos
Pantaleão, delegado-seccional de
Guarulhos.
(MARCELO GODOY)
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