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Falta de segurança impede outro velório em cemitério que fica na "linha de tiro"
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Menos de 24 horas após a
suspensão de quatro velórios
no cemitério São Francisco de
Paula, no Catumbi (zona central do Rio), em razão do confronto entre policiais e traficantes, a falta de segurança impediu mais um velório ontem, o
de Darci Dias Zanziono, 8. O
corpo da menina, vítima de um
câncer abdominal, chegou por
volta de 0h ao cemitério, mas,
por orientação da direção da
casa, os pais não puderam ficar.
Pela manhã, durante o enterro, policiais do Batalhão de
Operações Especiais buscavam
criminosos em meio aos túmulos. Era possível ver as marcas
da violência da véspera e de outros dias, como buracos de balas e manchas de sangue.
Ser impedido de participar
do velório da menina Darci foi
doloroso para a família. O psicólogo Luiz Paulo Costa Filho,
43, em nome dos pais, disse que
eles ficaram tristes, mas aceitaram por causa do perigo.
"É uma falta de respeito não
permitir que a família passe pelo processo de luto. Eles tiveram que passar, além da dor pela perda, a tristeza de não poder
velar o corpo", disse.
Não são raras as histórias de
assombrar no cemitério. Em
julho de 2005, o corpo da babá
Clenilda da Silva, 50, foi atingido por uma bala perdida quando era velado.
Anteontem, durante uma
disputa entre facções rivais no
morro da Mineira, um criminoso chegou a se esconder, enlameado e ensangüentado, dentro de uma capela onde um corpo esperava o velório. Outros
seis homens foram presos ali.
O cemitério fica cercado de
morros e favelas. Atrás, colado
ao muro, está o morro da Mineira, que por sua vez faz divisa
com o morro do São Carlos. Em
frente, está uma comunidade
onde criminosos do Comando
Vermelho procuram abrigo.
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