São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Falta de segurança impede outro velório em cemitério que fica na "linha de tiro"

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Menos de 24 horas após a suspensão de quatro velórios no cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi (zona central do Rio), em razão do confronto entre policiais e traficantes, a falta de segurança impediu mais um velório ontem, o de Darci Dias Zanziono, 8. O corpo da menina, vítima de um câncer abdominal, chegou por volta de 0h ao cemitério, mas, por orientação da direção da casa, os pais não puderam ficar.
Pela manhã, durante o enterro, policiais do Batalhão de Operações Especiais buscavam criminosos em meio aos túmulos. Era possível ver as marcas da violência da véspera e de outros dias, como buracos de balas e manchas de sangue.
Ser impedido de participar do velório da menina Darci foi doloroso para a família. O psicólogo Luiz Paulo Costa Filho, 43, em nome dos pais, disse que eles ficaram tristes, mas aceitaram por causa do perigo.
"É uma falta de respeito não permitir que a família passe pelo processo de luto. Eles tiveram que passar, além da dor pela perda, a tristeza de não poder velar o corpo", disse.
Não são raras as histórias de assombrar no cemitério. Em julho de 2005, o corpo da babá Clenilda da Silva, 50, foi atingido por uma bala perdida quando era velado.
Anteontem, durante uma disputa entre facções rivais no morro da Mineira, um criminoso chegou a se esconder, enlameado e ensangüentado, dentro de uma capela onde um corpo esperava o velório. Outros seis homens foram presos ali.
O cemitério fica cercado de morros e favelas. Atrás, colado ao muro, está o morro da Mineira, que por sua vez faz divisa com o morro do São Carlos. Em frente, está uma comunidade onde criminosos do Comando Vermelho procuram abrigo.


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