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FLÁVIO TAVARES BETTENCOURT (1919 - 2008)
As convicções de um teólogo dedicado
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele jamais entregaria seu
projeto de "popularizar a
teologia" nas mãos do destino. Quando seu corpo foi sepultado no claustro do mosteiro de São Bento, no Rio, d.
Estêvão já havia deixado
prontos os números de maio
e junho da revista "Pergunte
e Responderemos" -que por
50 anos escreveu, mês a mês,
praticamente sozinho.
Flávio Tavares Bettencourt nasceu no Rio e estudou no colégio de São Bento,
onde o convívio diário com
os monges, como d. Vicente
Ribeiro e d. Tarcísio Ferreira
-este último um ex-atleta
paulista, que derreteu suas
medalhas, dizem, para moldar seu cálice litúrgico-, o
fez descobrir a vocação.
Entrou para a Ordem em
1º de fevereiro de 1936. Postulante "com pendores para
o estudo eclesiástico", foi logo escolhido para fazer doutorado em Roma, onde ficou
até o fim da Segunda Guerra
Mundial. "Lá juntou a fome
com a vontade de comer", diz
um monge. E "voltou prontinho", doutor e padre ordenado, para lecionar no Brasil.
Professor de sagradas escrituras e nome forte da teologia dogmática, d. Estêvão
escondia, sob o porte mirrado e o silêncio moderado, um
homem de convicções. Sua
tese sobre o grego Orígenes,
que escreveu em latim sob a
batuta de d. Anselmo Stolz, é
referência. Sem falar de simpósios "da Austrália à Venezuela" de que participava, alfinetando a "politização da fé
e o avanço da Teologia da Libertação". Morreu aos 88, de
infarto, na segunda.
obituario@folhasp.com.br
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