São Paulo, sábado, 19 de abril de 2008

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FLÁVIO TAVARES BETTENCOURT (1919 - 2008)

As convicções de um teólogo dedicado

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele jamais entregaria seu projeto de "popularizar a teologia" nas mãos do destino. Quando seu corpo foi sepultado no claustro do mosteiro de São Bento, no Rio, d. Estêvão já havia deixado prontos os números de maio e junho da revista "Pergunte e Responderemos" -que por 50 anos escreveu, mês a mês, praticamente sozinho.
Flávio Tavares Bettencourt nasceu no Rio e estudou no colégio de São Bento, onde o convívio diário com os monges, como d. Vicente Ribeiro e d. Tarcísio Ferreira -este último um ex-atleta paulista, que derreteu suas medalhas, dizem, para moldar seu cálice litúrgico-, o fez descobrir a vocação.
Entrou para a Ordem em 1º de fevereiro de 1936. Postulante "com pendores para o estudo eclesiástico", foi logo escolhido para fazer doutorado em Roma, onde ficou até o fim da Segunda Guerra Mundial. "Lá juntou a fome com a vontade de comer", diz um monge. E "voltou prontinho", doutor e padre ordenado, para lecionar no Brasil.
Professor de sagradas escrituras e nome forte da teologia dogmática, d. Estêvão escondia, sob o porte mirrado e o silêncio moderado, um homem de convicções. Sua tese sobre o grego Orígenes, que escreveu em latim sob a batuta de d. Anselmo Stolz, é referência. Sem falar de simpósios "da Austrália à Venezuela" de que participava, alfinetando a "politização da fé e o avanço da Teologia da Libertação". Morreu aos 88, de infarto, na segunda.


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