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Estuprador de Luziânia é achado morto na cadeia
Pedreiro havia confessado a morte de seis jovens em Goiás; para a polícia, foi suicídio
Polícia diz que ele usou pedaços de pano do colchão para se enforcar; corregedor diz que quando o "indivíduo quer morrer" é difícil evitar
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
O pedreiro Ademar Jesus da
Silva, que disse ter matado seis
jovens em Luziânia (cidade
goiana próxima a Brasília) em
dezembro e janeiro, foi encontrado morto ontem na cela onde estava detido em Goiânia.
De acordo com a polícia, ele
se enforcou em uma cela individual da Delegacia Estadual de
Repressão a Narcóticos com
pedaços de pano arrancados de
um colchão. A polícia descarta
a hipótese de assassinato.
Silva, 40, estava preso desde
o dia 10, quando indicou um local onde seis corpos estavam
enterrados. A Polícia Civil diz
que o pedreiro oferecia dinheiro para que os jovens, que tinham de 13 a 19 anos, o ajudassem no transporte de materiais
de construção. Em um matagal,
os rapazes eram estuprados e
mortos com golpes na cabeça.
Ninguém se apresentou como advogado do preso. Ao falar
com jornalistas, Silva deu diferentes explicações para as mortes. Chegou a afirmar que receberia dinheiro pelos crimes.
Também se disse arrependido,
pediu perdão e falou que tinha
medo de ser morto.
Ele foi transferido para Goiânia e colocado em uma cela em
separado por segurança.
Ontem, segundo a polícia, ele
conversou normalmente com
presos de outras celas e, por
volta das 12h, ligou o chuveiro.
Ao perceber que ele demorava,
outros detentos chamaram os
agentes da delegacia, que encontraram o corpo.
A Polícia Civil de Goiás, responsável pela delegacia onde o
pedreiro estava, afirma que não
foi negligente e que tomou precauções para evitar o suicídio.
O corregedor da Polícia Civil,
delegado Sidney Costa e Souza,
disse que Silva usou para se matar o "material mínimo" que
havia sido deixado na cela. Souza afirmou que quando o "indivíduo quer morrer" é difícil evitar e que não havia como deixar
um psicólogo ou assistente social observando o preso 24 horas. Uma sindicância foi instaurada para apurar se houve
omissão de algum agente. Segundo a Polícia Civil, não havia
indícios de que Silva se mataria
e presos de celas vizinhas também não desconfiaram.
A dona de casa Gláucia Gomes de Sousa, 26, irmã de um
dos jovens desaparecidos, disse
que a notícia foi um "choque".
"A gente esperava que ele
fosse pagar pelo que ele fez.
Agora, não vai sofrer."
Preso em 2005, Silva havia
sido condenado a mais de dez
anos de detenção por violência
sexual contra dois meninos no
DF. Após a libertação, devido
ao benefício da progressão de
regime, o Ministério Público
disse que alertou a Justiça sobre o perigo que o preso representava, argumentando que
"não existe ex-estuprador".
Um exame feito em 2008
apontou que o pedreiro era
"pervertido sexual" e precisava
de tratamento.
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