São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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Estuprador de Luziânia é achado morto na cadeia

Pedreiro havia confessado a morte de seis jovens em Goiás; para a polícia, foi suicídio

Polícia diz que ele usou pedaços de pano do colchão para se enforcar; corregedor diz que quando o "indivíduo quer morrer" é difícil evitar

FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

O pedreiro Ademar Jesus da Silva, que disse ter matado seis jovens em Luziânia (cidade goiana próxima a Brasília) em dezembro e janeiro, foi encontrado morto ontem na cela onde estava detido em Goiânia.
De acordo com a polícia, ele se enforcou em uma cela individual da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos com pedaços de pano arrancados de um colchão. A polícia descarta a hipótese de assassinato.
Silva, 40, estava preso desde o dia 10, quando indicou um local onde seis corpos estavam enterrados. A Polícia Civil diz que o pedreiro oferecia dinheiro para que os jovens, que tinham de 13 a 19 anos, o ajudassem no transporte de materiais de construção. Em um matagal, os rapazes eram estuprados e mortos com golpes na cabeça.
Ninguém se apresentou como advogado do preso. Ao falar com jornalistas, Silva deu diferentes explicações para as mortes. Chegou a afirmar que receberia dinheiro pelos crimes. Também se disse arrependido, pediu perdão e falou que tinha medo de ser morto.
Ele foi transferido para Goiânia e colocado em uma cela em separado por segurança.
Ontem, segundo a polícia, ele conversou normalmente com presos de outras celas e, por volta das 12h, ligou o chuveiro. Ao perceber que ele demorava, outros detentos chamaram os agentes da delegacia, que encontraram o corpo.
A Polícia Civil de Goiás, responsável pela delegacia onde o pedreiro estava, afirma que não foi negligente e que tomou precauções para evitar o suicídio.
O corregedor da Polícia Civil, delegado Sidney Costa e Souza, disse que Silva usou para se matar o "material mínimo" que havia sido deixado na cela. Souza afirmou que quando o "indivíduo quer morrer" é difícil evitar e que não havia como deixar um psicólogo ou assistente social observando o preso 24 horas. Uma sindicância foi instaurada para apurar se houve omissão de algum agente. Segundo a Polícia Civil, não havia indícios de que Silva se mataria e presos de celas vizinhas também não desconfiaram.
A dona de casa Gláucia Gomes de Sousa, 26, irmã de um dos jovens desaparecidos, disse que a notícia foi um "choque".
"A gente esperava que ele fosse pagar pelo que ele fez. Agora, não vai sofrer."
Preso em 2005, Silva havia sido condenado a mais de dez anos de detenção por violência sexual contra dois meninos no DF. Após a libertação, devido ao benefício da progressão de regime, o Ministério Público disse que alertou a Justiça sobre o perigo que o preso representava, argumentando que "não existe ex-estuprador".
Um exame feito em 2008 apontou que o pedreiro era "pervertido sexual" e precisava de tratamento.


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