São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011

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Motorista põe cadeirinha e esquece cinto

Em cinco anos, condutores sem a proteção multados nas estradas do Estado de São Paulo aumentaram 54%

No ES, três irmãos com cadeirinhas sobrevivem a um acidente; duas pessoas sem cinto de segurança morreram

ALENCAR IZIDORO
ENVIADO ESPECIAL A MG E ES

A viagem que uma família de Minas faria a parentes no litoral capixaba na véspera do último Carnaval terminou em uma curva da BR-262, em Domingos Martins (ES).
O casal que estava no banco dianteiro de um Voyage morreu após a batida de frente com um Honda Fit. Os três filhos, de 1, 5 e 6 anos, sobreviveram. Usavam as cadeirinhas automotivas -exigidas por lei seis meses antes.
A 15 km dali, na mesma rodovia, um caminhão tombou. No mesmo feriado e no mesmo Estado, foi a segunda morte sob suspeita de ter ocorrido pela falta do cinto de segurança -equipamento de uso obrigatório também no banco traseiro há anos.
Os acidentes -que integram um mapeamento da Folha sobre as vítimas nas estradas federais do país no Carnaval de 2011- refletem um pouco uma preocupação dos especialistas sobre os equipamentos de proteção dentro dos veículos.
Se, de um lado, houve mobilização do poder público e da sociedade para exigir a utilização de cadeirinhas de proteção das crianças de até sete anos e meio, de outro há sinais de desconhecimento ou relaxamento de motoristas e passageiros sobre a importância do cinto, especialmente no banco traseiro.
Em São Paulo, um balanço das multas nas rodovias estaduais dá uma dimensão do problema: os flagrantes pela falta do cinto de segurança de passageiros ou de condutores saltaram 54% em cinco anos. Em 2010, a média foi de 190 multados por essa infração por dia.
Outro levantamento, com dados da Polícia Rodoviária, aponta que, em média, sete condutores sem cinto se envolveram diariamente em acidentes em estradas federais no primeiro semestre do ano passado. Em 2009, a média era de 6,3 a cada dia.

TEMORES
A sobrevivência das três crianças (duas com cadeirinha e uma com booster, assento de elevação adequado conforme a idade) sem ferimentos graves no acidente da BR-262 no Carnaval foi atribuída por policiais rodoviários aos assentos infantis.
Embora haja temores sobre um relaxamento da fiscalização, a única pesquisa já feita pela ONG Criança Segura após a obrigatoriedade, com 500 pais em São José dos Campos (a 97 km de SP), trazia sinais positivos no final de 2010 -quando 82% conheciam a lei e 98,6% diziam ter os equipamentos.
A punição pelo transporte sem a cadeirinha é de R$ 191,54 (sete pontos na CNH).
"É preciso manter a fiscalização constante para não cair em descrédito", cobra Alessandra Françoia, da ONG Criança Segura.


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