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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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RIO

Inspetor da polícia suspeito do disparo que atingiu estudante entregou pistola para investigação; gravação de vídeo foi apreendida

Arma e fita podem resolver caso da Estácio

Ana Carolina Fernandes - 13.mai.2003/Folha Imagem
Policiais durante a reconstituição do crime na Estácio de Sá


TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A polícia do Rio de Janeiro diz esperar que uma fita de vídeo e a arma de um policial civil, recebidos ontem, ajudem na descoberta do autor do disparo que atingiu a estudante de enfermagem Luciana Gonçalves de Novaes, 19, no dia 5 de maio, no campus da Universidade Estácio de Sá.
O inspetor da Polícia Civil Marco Ripper entregou ontem ao delegado titular da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), Luiz Alberto Andrade, sua pistola calibre .40 - igual à que feriu a estudante. Ele foi espontaneamente à delegacia, segundo policiais, e teria dito que não entregara a arma antes porque não sabia que era considerado suspeito.
A polícia fará exame de confronto balístico para saber se foi da arma do inspetor que partiu o tiro. Além da pistola, o policial entregou ainda 11 munições.
O secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, disse anteontem, em seu programa semanal de rádio, que o policial é um dos suspeitos de ter disparado o tiro ou de estar tentando acobertar o autor do disparo.
O inspetor ficou na DRE durante cerca de quatro horas. De acordo com a polícia, ele chorou grande parte do tempo e deverá ser chamado para depor novamente.
Segundo o advogado de Ripper, Paulo Freitas Ribeiro, o policial não estava na universidade na hora do episódio. "Ele presta assistência informal [de segurança, à universidade]", disse Ribeiro.
Anteontem, o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, afirmou a Garotinho que Ripper trabalha na segurança da universidade.

Fita
Na madrugada de ontem, a polícia apreendeu uma fita de vídeo que foi encontrada por um funcionário da Vigban na sexta-feira passada, no armário do banheiro da sala de circuito interno de televisão da Estácio de Sá. A fita contém gravações do dia em que Luciana foi baleada.
A Vigban é a empresa que opera o circuito de TV da universidade e está sendo investigada por causa da adulteração de outras fitas gravadas no dia do disparo.
Por volta da 1h45 de ontem, o advogado da universidade, Francesco Aloise, foi à 6ª DP (Delegacia de Polícia) informar sobre o aparecimento da fita. Uma equipe da delegacia se dirigiu até a universidade, onde apreendeu, além da fita, dois livros de ocorrência da sala de vigilância.
Num dos livros, o vigilante Eduardo Martins registrou ter encontrado a fita. A polícia quer saber, agora, por que o fato não havia sido comunicado na sexta-feira e vai chamar o supervisor da segurança, identificado apenas como Alziro, para depor.
A princípio, segundo a polícia, a fita não conteria imagens esclarecedoras porque, no momento em que o tiro foi disparado, às 9h42, a câmera estava filmando a tesouraria da universidade, que fica distante do local onde estava a estudante Luciana Novaes.
No entanto, ela será encaminhada para o ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), onde será verificado se é autêntica e se foi adulterada. A fita, segundo a inscrição em sua etiqueta, foi gravada entre 3h39 e 9h48 do dia 5.
Hoje a polícia deverá começar a ouvir os diretores da Universidade Estácio de Sá.
A estudante está internada no Hospital Pró-Cardíaco e, segundo médicos, ficará tetraplégica.
No mesmo hospital, está internado o chanceler da universidade, o ex-senador Artur da Távola. Ele está com uma infecção pulmonar, mas passa bem, segundo a assessoria de imprensa da unidade.
A direção da Estácio não quis se pronunciar sobre o encontro da fita. O advogado da universidade foi procurado pela Folha, mas até a conclusão desta edição, não havia sido encontrado.


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