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SAÚDE
Pesquisa mostra que 14% da população perdeu todos os dentes; pior situação é entre mulheres acima dos 50 anos
Brasil tem 26 milhões de sem-dentes
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A saúde bucal do brasileiro é reveladora da desigualdade social
do país. De acordo com a parte
brasileira da Pesquisa Mundial de
Saúde, divulgada ontem pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e
realizada no ano passado para a
OMS (Organização Mundial da
Saúde), 14,4% dos brasileiros já
perderam todos os dentes.
Levando em conta que o IBGE
estima em 179 milhões a população atual no Brasil, isso significa
que cerca de 26 milhões já não
têm mais nenhum dente natural.
A comparação entre classes sociais mostra que, entre os mais
pobres, esse percentual chega a
17,5%, e, entre os mais ricos, é de
5,9%. A Fiocruz fez a separação
entre classes pelo número de bens
de consumo (televisão, geladeira,
entre outros). A pior situação foi
encontrada entre as mulheres
com mais de 50 anos em famílias
mais pobres: 55,9%.
"A preocupação do sistema público com a saúde bucal é muito
recente e ainda não há uma conscientização sobre a necessidade
da prevenção, principalmente entre as classes mais baixas", afirmou Célia Szwarcwald, uma das
coordenadoras da pesquisa.
Em março, a União anunciou
R$ 1,2 bilhão para o programa
Brasil Sorridente, de saúde bucal.
A pesquisa comparou alguns fatores de risco à saúde. Os dados
mostram que 10,1% da população
pode ser considerada obesa, segundo os padrões da OMS, e que
28,5% dos brasileiros apresentam
sobrepeso. A porcentagem de
pessoas abaixo do peso é de 5%.
O índice dos que dizem ter bebido pelo menos cinco doses de bebidas alcóolicas na semana anterior à pesquisa é de 14,8%, percentual que é maior na faixa etária
mais jovem (18 a 34 anos), onde
chega a 17,4%. Os fumantes diários representam 18,1%, sendo
que o hábito é menor entre os que
têm entre 18 e 34 anos -15,2%.
A pesquisa mostrou ainda que
24% da população é sedentária.
A maioria (54%) dos brasileiros
avalia seu estado de saúde como
bom ou muito bom. A porcentagem de brasileiros que consideram sua saúde moderada é de
38%, enquanto 9% dizem ser
ruim ou muito ruim. O percentual de avaliação positiva é maior
entre os homens (60,2% de bom
ou muito bom) do que entre as
mulheres (47,5%).
Os dados da pesquisa indicam
também aparente contradição
entre a avaliação que o brasileiro
faz do sistema de saúde em geral e
a qualidade do atendimento.
Para 58% dos entrevistados, o
funcionamento da assistência de
saúde no país é, em geral, insatisfatório ou muito insatisfatório. A
imensa maioria (97,3%), porém,
disse que conseguiu assistência
médica quando precisou dela.
A partir da resposta a 13 perguntas sobre a assistência ambulatorial, a Fiocruz elaborou um índice de satisfação, calculado a partir da porcentagem de respostas
"boa" ou "muito boa". O resultado foi que o índice de avaliação
desse serviço foi de 77 sobre 100,
sendo 70 para os usuários do SUS,
88 para os que pagaram diretamente a consulta e 89 para os que
usaram o plano de saúde.
"O brasileiro pode ter uma avaliação positiva do atendimento
que recebeu em alguns casos,
mas, quando analisa a situação
geral, pode se sentir injustiçado
por ter que pagar por serviços privados ou porque só uma parcela
da população tem acesso ao atendimento pago", diz Szwarcwald.
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