DO "AGORA"

Um bolo de chocolate e um portão defeituoso permitiram a entrada de uma quadrilha armada em um prédio de luxo no Real Parque, bairro da zona sul de São Paulo, durante a noite de anteontem. Em quatro horas, 17 dos 19 apartamentos, um por andar, foram roubados.
Dizendo que ia entregar um bolo de chocolate para uma moradora do quinto andar, um dos assaltantes conseguiu enganar o porteiro e passar pelo primeiro portão da entrada.
Como a parte elétrica do segundo portão estava quebrada, o porteiro saiu da guarita para abri-lo, e assim foi rendido.
A quadrilha, formada por nove homens de terno e gravata, com revólveres, pistolas, facas e submetralhadoras, chegou por volta das 19h30 e saiu às 23h30 do prédio. Dois homens montaram guarda do lado de fora, em um Corsa azul.
A quadrilha fugiu com dinheiro, jóias, celulares e cartões bancários na picape Land Rover de um morador. O grupo utilizou radiocomunicadores.

Detalhes do local
A Polícia Civil acredita que os ladrões tiveram acesso a informações detalhadas do prédio, já que, entre outros indícios, eles mencionaram o nome da moradora do quinto andar e demonstraram saber que o segundo portão estava defeituoso.
"O crime principiou no prédio", disse o delegado Luiz Ozilak Nunes de Souza, plantonista do 34º DP (Morumbi).
"Houve a participação de algum ex-funcionário ou de alguém que executou algum serviço no local", sugeriu o policial.
Os ladrões renderam dezenas de moradores e os distribuíram entre o segundo e o quinto andares e o subsolo, onde foram mantidos sob a mira de armas.
Segundo moradores, apenas um dos criminosos ameaçou as vítimas e agrediu a coronhadas duas pessoas: um dos vigias, atingido nas costas, e uma senhora do quarto andar. Os outros não agiram violentamente.
Os vigilantes particulares da empresa Mão Forte, que fazia patrulhamento pela área, não perceberam o crime.
No interior do prédio, os ladrões viraram as câmeras do circuito interno para impedir que eles fossem filmados.
De acordo com a polícia, moradores também não permitiram a entrada dos policiais no prédio e se recusaram a falar com policiais. Alguns deles "resgataram" o bolo de chocolate trazido pelos criminosos para entrar no condomínio, impedindo que o material fosse apreendido para passar por uma perícia.
"É um direito deles, mas o inquérito vai ser instaurado", comentou o delegado.


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