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MÍDIA
Jornal da Band veiculou reportagem com Marcola, líder máximo do PCC
Governo diz que entrevista é falsa
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo reagiu
contundentemente ontem contra
a cobertura dos ataques do PCC
feita pelas TVs, que qualificou de
sensacionalista. Em nota oficial,
acusou a Record e Band de agirem
de "forma criminosa e irresponsável" por terem exibido supostas
"falsas gravações com líderes de
facção criminosa".
O governador Claudio Lembo
deu declaração insinuando que
suposta entrevista com Marcola,
principal líder do PCC, exibida no
início da madrugada de ontem
pela Band, seria falsa. "O Estado
irá tomar atitudes no Poder Judiciário. A Justiça vai esclarecer."
Também ontem, a Polícia Civil
abriu inquérito para "apurar responsabilidades do jornalista Roberto Cabrini e eventual apologia
ao crime ou criminoso" na veiculação da suposta entrevista.
Apresentador do "Jornal da
Noite", o jornalista aparece o tempo todo falando em um estúdio de
TV com um interlocutor ao telefone, que seria Marcola.
Curiosamente, o nome Marcola
não é mencionado nas manchetes
do telejornal nem na entrevista.
Cabrini afirma apenas que entrevistou o "principal líder do PCC".
Até que, depois da primeira parte,
apresenta um perfil do criminoso,
que conclui com o seguinte texto:
"Cinco dias depois dos ataques, o
principal líder do PCC concede
sua primeira entrevista. Ele está
em um presídio de segurança máxima e conversou comigo por
meio de um telefone celular".
Assim como o SBT e Gugu Liberato agiram em 2003, quando foi
ao ar uma entrevista encenada
com falsos membros do PCC, a
Band não se pronunciou. Cabrini
não respondeu as recados.
A polícia requisitou as fitas da
entrevista para fazer uma perícia e
averiguar se é realmente Marcola.
Reservadamente, membros da
polícia afirmam ter 99% de convicção de que a entrevista é falsa
porque Marcola está em um presídio com bloqueador de celular.
Nos bastidores da Band, circulava ontem versão de que uma
mulher teria procurado a emissora oferecendo a entrevista, que foi
feita, mas a direção não teria se
convencido totalmente de que era
Marcola quem falava. Por precaução, não alardeou a reportagem.
Já a nota oficial com acusações
contra a Band e a Record foi distribuída pela Secretaria da Administração Penitenciária. "A veiculação de conversas com integrantes de facções criminosas serve
tão-somente para inflamar o ânimo sensacionalista, assustando a
sociedade e prejudicando as investigações realizadas pelas autoridades competentes", diz.
A entrevista da Record foi com
Macarrão, outro líder do PCC, e
exibida na terça pelo "Jornal da
Record" -na verdade, foi produzida pela rádio Record. Ontem,
no "Jornal da Record", a TV declarou que "o jornalismo da Record não tem dúvida da veracidade da entrevista e só decidiu colocá-la no ar porque ajudava a desvendar um possível acordo entre
autoridades do governo estadual
e presos, acordo esse que seria
condenado pela sociedade".
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