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Delegado que investigou milícias é morto no Rio
Colegas dizem que policial não era ameaçado, mas suspeitam de vingança
Alcides Iantorno foi morto ao entrar em supermercado na zona oeste do Rio ontem pela manhã; ele levou um tiro na nuca e pelas costas
DA SUCURSAL DO RIO
O delegado da Polícia Civil do
Rio de Janeiro Alcides Iantorno de Jesus, 66, foi assassinado
com um tiro na nuca na manhã
de ontem dentro do supermercado Zona Sul, no Recreio dos
Bandeirantes, área nobre da
zona oeste carioca.
A Polícia Civil ainda não tem
suspeitos, mas acredita que o
crime possa ter sido praticado
por vingança contra investigação conduzida por Iantorno.
Até fevereiro, o delegado estava à frente da 22ª Delegacia
Policial (Penha, zona norte)
onde apurou o envolvimento
de PMs com uma milícia na favela Kelsons, como também o
tráfico de drogas no complexo
de favelas do Alemão e na Vila
Cruzeiro. Atualmente, ele trabalhava na 20ª Delegacia (Vila
Isabel), onde investigava criminosos do morro dos Macacos.
O crime ocorreu por volta
das 8h15. Após sair de casa, Iantorno foi ao supermercado. Assim que entrou, um homem armado com uma pistola deu um
tiro, à queima-roupa, na nuca
do delegado e pelas costas.
Logo em seguida, o assassino
deu um tiro para o alto e deixou
o local em um carro; um comparsa o esperava dentro do veículo. O autor dos disparos não
estava encapuzado. Usava boné, óculos escuros e tinha cabelos grisalhos.
Segundo policiais, o fato foi
gravado por câmeras do circuito interno de TV do supermercado.
Policiais que trabalham na
investigação suspeitam que o
assassino já conhecia a rotina
de Iantorno, que costumava todas as manhãs ir ao mesmo supermercado.
Segundo policiais que trabalhavam com ele e o irmão Milton Iantorno, o delegado não tinha inimigos, não vinha recebendo ameaças nem andava armado.
Iantorno tinha 40 anos de
polícia e atuou em várias delegacias, entre elas a Polinter,
unidade responsável pela custódia de presos e a DRF (Delegacia de Roubos e Furtos).
Ele foi o responsável pelas
prisões dos traficantes Celso
Luiz Rodrigues, conhecido como Celsinho da Vila Vintém,
em 2002, e de Evanílson Marques da Silva, o Dão, chefe do
tráfico no morro da Providência (centro), em 2006.
O delegado deixa mulher e
dois filhos, sendo um deles policial civil.
Vários delegados da Polícia
Civil e comandantes de batalhões da Polícia Militar foram
até o local do crime para obter
informações e prestar solidariedade à família.
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