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CLEMÊNCIA PECORARI PIZZIGATTI (1935-2009)
A artista piracicabana e seus mosaicos
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1959, Clemência Pizzigatti chegou a SP após 160
km de chão. Vinha de Piracicaba, interior do Estado.
No começo, a estudante de
artes plásticas da Faap morou num pensionato. Logo se
juntou a seis amigas, e o grupo alugou, em 1960, um apartamento na rua das Palmeiras, região central da cidade.
A amiga Cida garante: "Foi
a primeira república feminina de São Paulo". Venceram
a resistência dos pais, do locatário e do condomínio.
Como as moradoras não tinham nada além de camas e
guarda-roupas, coube a Clemência inventar móveis.
"Na época, alguns casarões
da [avenida] Angélica estavam sendo demolidos", lembra a amiga. "Ela saía à noite
e voltava cheia de sucata."
Com material reaproveitado, fez mesas, estantes e até
um criado-mudo. Cida conta
que a amiga tinha orgulho de
ter reciclado utensílios da
mansão de Prestes Maia.
Ainda nos anos 1960, voltou à sua cidade. Lá, criou um
enorme painel no parque do
mirante. Trabalhou com mosaicos e retratou, em obras, o
trabalho dos cortadores de
cana. Também deu aulas na
UFSCar e em seu ateliê.
"Sempre alegre", em 2006
convidou um ladrão -que a
assaltara em casa, à mão armada- a tomar um café. O
bandido, que não a respondeu, levou R$ 120 e objetos.
Morreu sexta, aos 73, vítima de um câncer. Não deixa
filhos. Segundo Cida, a missa
de sétimo dia será sábado, às
17h, na capela Nossa Senhora
dos Navegantes, Piracicaba.
obituario@grupofolha.com.br
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