São Paulo, terça-feira, 19 de maio de 2009

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CLEMÊNCIA PECORARI PIZZIGATTI (1935-2009)

A artista piracicabana e seus mosaicos

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1959, Clemência Pizzigatti chegou a SP após 160 km de chão. Vinha de Piracicaba, interior do Estado. No começo, a estudante de artes plásticas da Faap morou num pensionato. Logo se juntou a seis amigas, e o grupo alugou, em 1960, um apartamento na rua das Palmeiras, região central da cidade. A amiga Cida garante: "Foi a primeira república feminina de São Paulo". Venceram a resistência dos pais, do locatário e do condomínio.
Como as moradoras não tinham nada além de camas e guarda-roupas, coube a Clemência inventar móveis. "Na época, alguns casarões da [avenida] Angélica estavam sendo demolidos", lembra a amiga. "Ela saía à noite e voltava cheia de sucata." Com material reaproveitado, fez mesas, estantes e até um criado-mudo. Cida conta que a amiga tinha orgulho de ter reciclado utensílios da mansão de Prestes Maia.
Ainda nos anos 1960, voltou à sua cidade. Lá, criou um enorme painel no parque do mirante. Trabalhou com mosaicos e retratou, em obras, o trabalho dos cortadores de cana. Também deu aulas na UFSCar e em seu ateliê.
"Sempre alegre", em 2006 convidou um ladrão -que a assaltara em casa, à mão armada- a tomar um café. O bandido, que não a respondeu, levou R$ 120 e objetos. Morreu sexta, aos 73, vítima de um câncer. Não deixa filhos. Segundo Cida, a missa de sétimo dia será sábado, às 17h, na capela Nossa Senhora dos Navegantes, Piracicaba.

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