São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2010

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Anvisa proíbe anúncio do Alpino que não tem Alpino

Medida vale para campanhas em sites, revistas e TVs que induzam consumidor a erro; caso é "absurdo", diz Nestlé, que tomará providências

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Está proibida desde ontem publicidade da bebida Alpino Fast que induza as pessoas a acreditarem que o produto tem o chocolate Alpino. A Nestlé lançou a bebida há três meses.
A decisão é da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avaliará caso a caso se toda publicidade do Alpino Fast induz a erro. A multa pode chegar a R$ 1,5 milhão. A Nestlé tem 15 dias para recorrer.
Como a Folha revelou na semana passada, o Alpino Fast tem mesmo nome e cor do famoso chocolate, mas, segundo o próprio rótulo, não é feito com o bombom Alpino.
A medida da Anvisa abrange a publicidade em todos os meios de comunicação, inclusive no site da empresa. O texto "Alpino Fast é o sabor inconfundível de Alpino para beber em qualquer lugar" continuava na página ontem à noite.
Há publicidade semelhante em revistas e na TV.
A Anvisa informou que não tem conhecimento de outros casos semelhantes -produtos que levem a mesma marca, mas com composição diferente.
Na semana passada, a Nestlé havia dito, inicialmente, que o Alpino Fast tinha sabor similar ao do chocolate. No dia seguinte, disse que a bebida contém a mesma "massa" do Alpino.
Na ocasião, a empresa decidiu retirar da embalagem a inscrição "Este produto não contém chocolate Alpino". Para a Nestlé, a mensagem confunde o consumidor. A intenção do aviso foi mostrar que no Alpino Fast não havia o bombom derretido, disse a Nestlé. Fazê-lo em uma bebida gelada é impossível, segundo a empresa.

Investigação
A iniciativa da Anvisa foi motivada por uma solicitação do Ministério Público Estadual da Paraíba. O promotor Francisco Bezerra soube do caso pelo blog "Coma com os Olhos" (www.comacomosolhos.com), o primeiro a levar o assunto à internet, no final de fevereiro.
Bezerra abriu inquérito civil para apurar o caso, a exemplo do Ministério Público do Rio de Janeiro. Também investigam a Nestlé o Ministério da Justiça, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária) e o Procon do Rio e de São Paulo.
A polêmica levou o assunto a estar entre os tópicos mais comentados pelos usuários brasileiros do Twitter ontem.
Procurada ontem, a empresa disse ser "absurdo o que está acontecendo" e que tomará as "medidas cabíveis".


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