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Pais vão indenizar professora agredida
Decisão da Justiça garantiu indenização de R$2.000 a professora machucada por aluno há dois anos em escola estadual no RS
Segundo a professora, o aluno partiu para cima dela após ser repreendido por atirar frutos em colega; pais não vão recorrer da decisão
LUIZA BANDEIRA
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Justiça gaúcha determinou
que os pais de um adolescente
que agrediu a professora dentro da escola há quase dois anos
paguem a ela R$ 2.000 de indenização. A agressão ocorreu numa escola estadual de Jaguarão
(383 km de Porto Alegre),
quando o menino tinha 13 anos
e cursava a 5ª série.
Em decisão de segunda instância, tomada em 29 de abril, o
Tribunal de Justiça do RS reconheceu o direito da professora
Vera Lúcia Meirelles Meroni,
48, de ser indenizada. Em primeira instância, os pais haviam
sido condenados em 2009.
A professora diz que o menino estava jogando frutos de cinamomo em outra aluna, no recreio, quando ela o repreendeu.
"De uma hora para outra, ele
salta e, com uma das mãos, segura meu braço, e, com a outra,
me dá tapas e tapas sem parar."
Afastada da escola por alguns
dias, a educadora precisou de
acompanhamento psicológico.
A ação pedia ressarcimento por
danos materiais, pelo tratamento, e por danos morais.
A indenização fixada pelo TJ
é inferior ao definido pelo Juizado Especial Cível de Jaguarão (R$ 4.190). A redução do valor levou em conta a condição
econômica da família.
As duas decisões destacaram
o papel da professora e consideraram grave a agressão ter
ocorrido no ambiente escolar.
A diretora da escola, Simone
Acosta, diz que a decisão dá
apoio aos professores "com relação ao despreparo em que as
famílias mandam os filhos".
A professora e seu advogado
descrevem a atitude dos pais
como de cumplicidade com o
comportamento do menino.
O advogado diz que, na audiência, os pais agiam como se
achassem que "havia sido uma
coisa natural, uns tapinhas".
Para a professora da Faculdade de Educação da Unicamp,
Ângela Soligo, entretanto, a
questão deveria ter sido resolvida dentro da escola.
"É complicado quando se criminaliza um conflito no ambiente escolar. Quando se recorre à Justiça, estão dizendo
que o problema está fora da escola", diz. Ela afirma que a escola deveria ter chamado os
pais do alunos para diálogo.
Outro lado
Embora tenham alegado no
processo que o filho não cometeu a agressão, os pais não pretendem recorrer, segundo o advogado Cristiano Duarte. Para
ele, o menino foi mostrar à professora como uma colega a
agrediu "e ela se assustou".
Duarte disse que o maior prejudicado do episódio foi o aluno
-que, segundo ele, precisou
trocar de escola, tem baixo rendimento escolar e passa por
tratamento psicológico.
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