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USP diz que inspeção em veículos a diesel reduziu mortes na cidade
Estudo estima que 298 internações hospitalares também foram evitadas
ANDRÉ MONTEIRO
DE SÃO PAULO
A inspeção ambiental nos
veículos a diesel evitou a
morte de 252 pessoas na cidade de São Paulo em 2010, de
acordo com estudo da Faculdade de Medicina da USP.
O estudo, apresentado ontem, aponta ainda que foram
evitadas 298 internações por
problemas provocados pela
poluição, que agrava doenças como asma e pneumonia.
"É como se a gente fumasse um pouco sem querer, cerca de dois ou três cigarros.
Não é muito em comparação
ao fumante, mas afeta bebês,
gestantes e asmáticos", disse
o médico Paulo Saldiva,
coordenador do estudo.
Segundo Saldiva, cerca de
4.000 pessoas morrem todos
os anos em consequência da
poluição do ar em São Paulo
-mais do que Aids e tuberculose somadas.
O relatório considerou cálculos do consultor Gabriel
Branco com base nos dados
da inspeção em 2010.
Segundo o cálculo, os 121
mil veículos a diesel que passaram pela inspeção deixaram de emitir quantidade de
material particulado equivalente ao que seria produzido
por outros 20 mil.
"Ou seja, é como se a inspeção tivesse "retirado" da
frota da cidade 20 mil veículos", disse Branco.
Segundo o estudo, se os
240 mil veículos a diesel esperados na inspeção fossem
vistoriados, teriam sido evitadas 498 mortes e 588 internações em 2010.
"Quando o médico tem um
paciente com sobrepeso, ele
recomenda uma dieta. Mas,
nessa área, você não pode recomendar pra ninguém que
tenha ar engarrafado. O remédio está nas mãos do governo", disse Saldiva.
Com a redução das internações, a inspeção gerou
economia de R$ 1,6 milhão
ao sistema de saúde. Caso toda a frota fosse inspecionada, seriam economizados
cerca de R$ 3 milhões.
Os veículos a diesel produzem 40% do material particulado na atmosfera. Segundo especialistas, a tecnologia
do diesel no Brasil é atrasada
-um ônibus daqui polui até
15 vezes mais do que os da
Europa e EUA.
Os cálculos de Branco também apontam que houve ganho ambiental na inspeção
dos carros: deixou-se de produzir monóxido de carbono
equivalente ao que seria produzido por 1,3 milhão deles.
Um próximo estudo, ainda
sem data, vai analisar esse
impacto na saúde.
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