São Paulo, Quarta-feira, 19 de Maio de 1999
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JUSTIÇA
Promotores dizem que empregada presenciou briga entre mãe e filho na noite anterior ao crime, que prescreve hoje se juiz não aceitar denúncia
Jorginho sofre 2ª denúncia no caso da rua Cuba

da Reportagem Local

O juiz João Carlos Sá Moreira de Oliveira, da Vara do Júri de Pinheiros (zona sudoeste de São Paulo), tem até a meia-noite de hoje para decidir, pela última vez, se Jorge Delmanto Bouchabki, o Jorginho, deve ser julgado pela acusação de assassinar seus pais em 88, no caso que ficou conhecido como o crime da rua Cuba.
É que, segundo os promotores, a denúncia contra Jorginho completa dez anos e prescreve hoje. E hoje, justamente, o Ministério Público vai apresentar ao juiz um novo pedido de abertura de processo.
Se for aceita, a nova denúncia ganha mais dez anos para tramitar. Mas, se não for acatada, Jorginho não poderá ser punido por nenhuma sentença sobre o caso.
É a segunda vez que Jorginho é acusado pela promotoria. Na primeira, em 19 de maio de 1989, o processo acabou arquivado pelo Tribunal de Justiça por falta de provas contra o acusado, após tramitar por dois anos na Justiça.
Para o advogado de Jorginho, José Carlos Dias, a nova denúncia representa uma "violência à pessoa de quem foi impronunciada".
"A denúncia não apresenta nenhuma prova nova", disse Dias. Ele disse que só comentaria as medidas jurídicas cabíveis em favor do seu cliente se a denúncia for acatada.
Para a promotora Eliana Passarelli, autora da nova denúncia com os promotores Maria Amélia Nardy Pereira e Carlos Roberto Marangoni Talarico, trata-se de "um caso mal resolvido, onde a Justiça não se fez clara".
Eliana diz que a reabertura de casos é "um procedimento normal". No último mês, disse ela, a Vara do Júri de Pinheiros reabriu dois.

Novidades
Para ser aceito, o novo pedido, de autoria de três promotores, tem de apresentar novidades em relação ao que já constava dos autos.
E a novidade, na opinião da promotoria, segundo a Folha apurou, é o depoimento da empregada da casa dos Bouchabki, Olinda Oliveira da Silva, que foi ouvida na última sexta-feira pela Polícia Civil.
Olinda disse, agora, algo que não havia dito em seu primeiro depoimento, há quase dez anos: ela diz que presenciou uma briga entre Jorginho e sua mãe na noite que antecedeu o crime.
Na discussão, motivada pelo namoro de Jorginho com Flávia Cardoso Soares, a mãe teria agredido o filho com um taco de bilhar.
Apesar da agressividade da cena, Olinda não deu explicação para não ter citado a briga em seu primeiro depoimento.
Olinda disse ainda que Jorginho saiu de casa na madrugada do crime, por volta das 5h30, fato que os promotores consideram "estranho", mas que, a rigor, não contribui para o esclarecimento da autoria do crime.
Além de Olinda, os promotores ouviram outras empregadas da casa dos Bouchabki, a namorada de Jorginho e sua madrasta, os vigias da rua Cuba e peritos criminais que fizeram o laudo sobre o crime.
O resultado disso soma 210 páginas, que foram acrescidas aos autos do processo original.
(RODRIGO VERGARA e ANDRÉ LOZANO)




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