São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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MORTE DO JORNALISTA

PCC pode estar protegendo traficante

Policial carioca faz investigações em SP em busca de Elias Maluco

DA SUCURSAL DO RIO

A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria Estadual da Segurança Pública do Rio de Janeiro enviou um policial a São Paulo para investigar se o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, está na cidade.
O policial passou uma semana em São Paulo e preparou um relatório sobre as ligações entre Elias Maluco, apontado como o responsável pela morte do jornalista Tim Lopes, e criminosos paulistas. O documento é mantido em sigilo.
A Folha apurou que o policial seguiu para São Paulo logo após o desaparecimento de Lopes, no dia 2, quando fazia uma reportagem na favela Vila Cruzeiro (Penha, zona norte).
A polícia suspeita que Elias Maluco esteja sendo protegido por integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que se aliou ao CV (Comando Vermelho), do qual o traficante é o principal líder em liberdade. Para o subsecretário, coronel Antônio Freire, Elias Maluco não está no Rio.
"A polícia está batendo em várias favelas, cercando todos os seus redutos. Por isso, não acredito que Elias Maluco esteja na cidade", declarou.
O complexo de favelas do Alemão (zona norte), área dominada pelo traficante, possui pichações com as siglas das duas facções.

Consolação
Cerca de cem pessoas participaram ontem à noite, na igreja da Consolação, em São Paulo, de celebração inter-religiosa pela morte de Tim Lopes. "Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal", disse D. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito, que presidiu a cerimônia.
Na sua fala, ele lembrou o jornalista Wladimir Herzog, assassinado em 1975. Uma faixa dependurada junto ao altar, encabeçada por Herzog e pela palavra "mártires", trazia 23 nomes, de Chico Mendes a Celso Daniel.
O rabino Henry Sobel, da comunidade judaica, disse que as pessoas estão "reféns da ditadura do crime organizado". "Nós já derrubamos uma ditadura, porque decidimos não nos calar. Não vamos nos calar agora."
A monja budista Coen Sam perguntou com qual "câmara oculta estamos olhando o mundo à nossa volta". "Será que não estamos com os olhos do preconceito?"



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