São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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Prefeitura promete expandir recarga

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

Uma das principais reclamações dos usuários do bilhete único têm sido as filas para recarregar os cartões, mas prefeitura planeja expandir a rede, hoje de 761 pontos. Mas, antes disso, a gestão Marta Suplicy (PT) pode ter problemas com os donos das lotéricas, responsáveis por 735 pontos de recarga. O sistema existe devido a um convênio entre SPTrans, gerenciadora do transporte coletivo, e Caixa Econômica Federal.
"Os lotéricos reclamam que as agências não comportam o movimento de passageiros que querem recarregar o bilhete", diz Luiz Carlos Peralta, do sindicato da categoria. "Além disso, os empresários recebem, em média, entre R$ 0,12 e R$ 0,14 por operação de recarga. É um valor muito baixo."
A idéia do secretário municipal dos Transportes, Gerson Bittencourt, é ampliar a rede para supermercados e farmácias. Segundo ele, as regras para a ampliação devem sair na semana que vem. Para atingir o número ideal, são necessários ao menos mais 400 postos de recarga.
Apesar das dúvidas em relação ao futuro financeiro do bilhete único, o programa será um dos principais trunfos da prefeita Marta Suplicy (PT) na campanha à reeleição, já que mexe num do pontos mais sensíveis para o eleitor, o bolso.
Como o próprio Bittencourt explica, o bilhete acaba "equiparando" pobres e muito pobres na disputa por empregos. Como todos pagam apenas uma passagem, o custo do transporte deixa de ser um critério de exclusão.
Para os empregadores, o bilhete único tem significado redução de despesas. De acordo com André Martins, diretor da VB (empresa de serviço terceirizado de fornecimento dos bilhetes de vale-transporte), as companhias têm tido uma economia de 28% a 35% com esse benefício. A VB atende a 15 mil empresas, com cerca de 350 mil usuários. Ao todo, 1,2 milhão de pessoas usam vale-transporte.

"Cerca virtual"
Ponto que chamou a atenção no primeiro mês de uso do bilhete, os pequenos golpes com o cartão eletrônico devem ter vida curta. "Podemos ser fraudados um dia, dois dias, mas você pode ter certeza absoluta de que no terceiro dia o sistema vai pegar", afirma o secretário Bittencourt.
O secretário explica que o sistema ergue uma "cerca virtual" que detecta movimentações anormais em cartões. "A maioria usa duas, três, no máximo quatro viagens. Se tiver mais de quatro e isso for repetido nas duas horas subseqüentes, o cartão é automaticamente bloqueado", afirma. Da quinta-feira retrasada à última segunda-feira, 47 cartões foram cancelados, segundo ele.


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