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URBANISMO
Decisão proíbe que monumento tenha publicidade do patrocinador
Justiça autoriza obra no Obelisco
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça determinou ontem a
retomada das obras do Obelisco
do Ibirapuera (zona sul de São
Paulo). Desta vez, porém, o monumento não poderá ser coberto
por informes publicitários -apenas por uma malha de proteção.
A reforma será acompanhada
por três peritos nomeados pela
Justiça, que elaborarão relatórios
semanais sobre o trabalho. O prazo para o reinício das obras é de
48h e, para a religação da sinalização aérea do Obelisco, 24h, a partir da intimação.
"Essa decisão é uma maravilha", comemorou Paolo Emendabili, neto do autor do projeto do
monumento, Galileo Emendabili,
e advogado da ação cautelar contra a presença, sobre o Obelisco,
de um painel da empresa de telefonia Claro, que patrocina a obra.
"Os homens que morreram na
Revolução de 32 não morreram
para vender celular, chocolate ou
sorvete", disse Emendabili. Procurada pela Folha, a Claro não
respondeu às ligações.
A juíza também determinou a
realização de uma nova perícia no
local, em caráter definitivo. Um
laudo preliminar, elaborado pelo
engenheiro Marcos Moliterno,
identificou infiltrações na laje de
cobertura da cripta, que fica no
subsolo, as rachaduras verticais
nas peças de mármore que revestem a obra e a presença de cupins.
O estudo também apontou para
a necessidade de um estudo aprofundado do solo abaixo do monumento, para identificar alterações
causadas pela construção do túnel
Ayrton Senna, concluída em 1995.
Na sentença, a prefeitura e o governo do Estado são intimados a
apresentar em 48h os projetos
aprovados da construção do túnel
Ayrton Senna e da reforma do
Obelisco, além do processo licitatório que estabeleceu a empresa
que executará a reforma. Os documentos já haviam sido pedidos
e não foram apresentados.
"A mim só foram enviadas respostas evasivas, ora a municipalidade imputando a responsabilidade pelo Obelisco ao governo do
Estado; ora em sentido inverso, o
que dá a impressão a este juízo de
ausência de cautela, para que não
interprete, prematuramente, ausência de respeito", escreveu a juíza Maria Lúcia Pizzotti Mendes.
Tanto a prefeitura como o governo do Estado optaram por não
comentar a sentença ontem.
O Obelisco pertence ao Estado,
mas é administrado pela Sociedade dos Veteranos de 32, que contratou a empresa Farah Service
para viabilizar a restauração. A
Farah Service, por sua vez, estabeleceu o patrocínio com a Claro.
A Folha procurou a Farah Service, mas foi informada de que
não havia na empresa ninguém
que pudesse comentar a sentença,
divulgada por volta das 18h.
O presidente da Sociedade Veteranos de 32, Geraldo Marcondes, não comentou o resultado.
"A entidade não tem responsabilidade sobre as obras. Apenas
concordamos que o monumento
fosse reestruturado de acordo
com as exigências do Condephaat
[órgão estadual do patrimônio
histórico]", disse.
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