São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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URBANISMO

Decisão proíbe que monumento tenha publicidade do patrocinador

Justiça autoriza obra no Obelisco

DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça determinou ontem a retomada das obras do Obelisco do Ibirapuera (zona sul de São Paulo). Desta vez, porém, o monumento não poderá ser coberto por informes publicitários -apenas por uma malha de proteção.
A reforma será acompanhada por três peritos nomeados pela Justiça, que elaborarão relatórios semanais sobre o trabalho. O prazo para o reinício das obras é de 48h e, para a religação da sinalização aérea do Obelisco, 24h, a partir da intimação.
"Essa decisão é uma maravilha", comemorou Paolo Emendabili, neto do autor do projeto do monumento, Galileo Emendabili, e advogado da ação cautelar contra a presença, sobre o Obelisco, de um painel da empresa de telefonia Claro, que patrocina a obra.
"Os homens que morreram na Revolução de 32 não morreram para vender celular, chocolate ou sorvete", disse Emendabili. Procurada pela Folha, a Claro não respondeu às ligações.
A juíza também determinou a realização de uma nova perícia no local, em caráter definitivo. Um laudo preliminar, elaborado pelo engenheiro Marcos Moliterno, identificou infiltrações na laje de cobertura da cripta, que fica no subsolo, as rachaduras verticais nas peças de mármore que revestem a obra e a presença de cupins.
O estudo também apontou para a necessidade de um estudo aprofundado do solo abaixo do monumento, para identificar alterações causadas pela construção do túnel Ayrton Senna, concluída em 1995.
Na sentença, a prefeitura e o governo do Estado são intimados a apresentar em 48h os projetos aprovados da construção do túnel Ayrton Senna e da reforma do Obelisco, além do processo licitatório que estabeleceu a empresa que executará a reforma. Os documentos já haviam sido pedidos e não foram apresentados.
"A mim só foram enviadas respostas evasivas, ora a municipalidade imputando a responsabilidade pelo Obelisco ao governo do Estado; ora em sentido inverso, o que dá a impressão a este juízo de ausência de cautela, para que não interprete, prematuramente, ausência de respeito", escreveu a juíza Maria Lúcia Pizzotti Mendes.
Tanto a prefeitura como o governo do Estado optaram por não comentar a sentença ontem.
O Obelisco pertence ao Estado, mas é administrado pela Sociedade dos Veteranos de 32, que contratou a empresa Farah Service para viabilizar a restauração. A Farah Service, por sua vez, estabeleceu o patrocínio com a Claro.
A Folha procurou a Farah Service, mas foi informada de que não havia na empresa ninguém que pudesse comentar a sentença, divulgada por volta das 18h.
O presidente da Sociedade Veteranos de 32, Geraldo Marcondes, não comentou o resultado. "A entidade não tem responsabilidade sobre as obras. Apenas concordamos que o monumento fosse reestruturado de acordo com as exigências do Condephaat [órgão estadual do patrimônio histórico]", disse.


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