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ACIDENTE
População passou o dia contabilizando os prejuízos
"Foi uma noite de terror", afirma morador de cidade da Paraíba
ADELSON BARBOSA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM ALAGOA GRANDE (PB)
Os moradores dos municípios
de Alagoa Grande e Mulungu passaram o dia de ontem contabilizando os prejuízos causados pelo
rompimento da barragem de Camará, localizada sobre o rio Mamanguape, na vizinha cidade de
Alagoa Nova (PB).
Os estragos não foram maiores
porque uma emissora de rádio da
cidade de Areia tomou conhecimento do rompimento da barragem e orientou os moradores das
partes baixas de Alagoa Grande e
Mulungu, por onde passa o Mamanguape, a deixarem suas casas.
De acordo com o prefeito de
Alagoa Grande, Hildon Régis Filho (PSDB), aproximadamente
200 casas foram atingidas pela
água e mais de 600 pessoas ficaram desabrigadas.
Já o prefeito de Mulungu, Achilles Leal (PDT), contabilizava mil
desabrigados na sua cidade. Outros municípios afetados foram
Araçagi, Alagoinha, Mamanguape e Rio Tinto. Os desabrigados
das duas cidades foram levados
para prédios públicos.
O clima em Alagoa Grande era
de desespero. Os moradores da
cidade passaram o dia tentando
salvar alguns objetos. Muitos passaram a noite acordados e, durante o dia, tiraram lama de dentro
das casas.
"Foi uma noite de terror. Todo
mundo saiu correndo em disparada. Foi a coisa mais triste que
presenciei na vida", disse Assis
Pedro da Silva, 40. Ele mora a cem
metros da ponte sobre o rio Mamanguape, em Alagoa Grande,
que foi levada pela força da água.
Silva afirmou que estava em casa com seu pai, de 92 anos, e recebeu um telefonema informando
que a barragem havia se rompido
e recomendando que ele desocupasse o imóvel imediatamente.
"Logo em seguida, a polícia chegou, mandando todo mundo sair
de casa. Ainda deu tempo de levar
meu pai. Assim que saí, ouvi um
estrondo, faltou energia e vi a
ponte cair no rio", disse Silva.
O motorista Gilmar de Góes, 36,
disse que perdeu tudo. "A água
atingiu quase dois metros. Assim
que ouvi o boato de que a barragem tinha estourado, tirei minha
família de casa. Só deu tempo de
tirar o carro da garagem. Quando
voltei para pegar a TV e o aparelho de som, já tinha quase um metro de água dentro de casa", afirmou Góes, enquanto tentava retirar alguns pertences da lama.
Marcos Antônio Costa, 32, disse
que ouviu estrondos da ponte
sendo levada pelo rio e muita gente correndo pelas ruas do município, desesperadas. "A água vinha
com uma força muito grande, parecia uma inundação daquelas
dos filmes da TV."
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