São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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ACIDENTE

População passou o dia contabilizando os prejuízos

"Foi uma noite de terror", afirma morador de cidade da Paraíba

ADELSON BARBOSA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM ALAGOA GRANDE (PB)

Os moradores dos municípios de Alagoa Grande e Mulungu passaram o dia de ontem contabilizando os prejuízos causados pelo rompimento da barragem de Camará, localizada sobre o rio Mamanguape, na vizinha cidade de Alagoa Nova (PB).
Os estragos não foram maiores porque uma emissora de rádio da cidade de Areia tomou conhecimento do rompimento da barragem e orientou os moradores das partes baixas de Alagoa Grande e Mulungu, por onde passa o Mamanguape, a deixarem suas casas.
De acordo com o prefeito de Alagoa Grande, Hildon Régis Filho (PSDB), aproximadamente 200 casas foram atingidas pela água e mais de 600 pessoas ficaram desabrigadas.
Já o prefeito de Mulungu, Achilles Leal (PDT), contabilizava mil desabrigados na sua cidade. Outros municípios afetados foram Araçagi, Alagoinha, Mamanguape e Rio Tinto. Os desabrigados das duas cidades foram levados para prédios públicos.
O clima em Alagoa Grande era de desespero. Os moradores da cidade passaram o dia tentando salvar alguns objetos. Muitos passaram a noite acordados e, durante o dia, tiraram lama de dentro das casas.
"Foi uma noite de terror. Todo mundo saiu correndo em disparada. Foi a coisa mais triste que presenciei na vida", disse Assis Pedro da Silva, 40. Ele mora a cem metros da ponte sobre o rio Mamanguape, em Alagoa Grande, que foi levada pela força da água.
Silva afirmou que estava em casa com seu pai, de 92 anos, e recebeu um telefonema informando que a barragem havia se rompido e recomendando que ele desocupasse o imóvel imediatamente.
"Logo em seguida, a polícia chegou, mandando todo mundo sair de casa. Ainda deu tempo de levar meu pai. Assim que saí, ouvi um estrondo, faltou energia e vi a ponte cair no rio", disse Silva.
O motorista Gilmar de Góes, 36, disse que perdeu tudo. "A água atingiu quase dois metros. Assim que ouvi o boato de que a barragem tinha estourado, tirei minha família de casa. Só deu tempo de tirar o carro da garagem. Quando voltei para pegar a TV e o aparelho de som, já tinha quase um metro de água dentro de casa", afirmou Góes, enquanto tentava retirar alguns pertences da lama.
Marcos Antônio Costa, 32, disse que ouviu estrondos da ponte sendo levada pelo rio e muita gente correndo pelas ruas do município, desesperadas. "A água vinha com uma força muito grande, parecia uma inundação daquelas dos filmes da TV."


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