São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Anna Jatobá sugere que a Justiça ouça filho de 4 anos

O garoto, filho de Jatobá e Nardoni, estava com os pais no dia da morte de Isabella

A sugestão foi feita ontem, após depoimento do síndico de que o menino teria dito a um vizinho que não havia estranhos no local do crime

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A madrasta de Isabella, 5, Anna Carolina Jatobá, afirmou ontem no fórum de Santana (zona norte de SP) que quer que o filho de quatro anos seja ouvido pela Justiça. O pedido foi feito ao marido dela e pai da menina, Alexandre Nardoni, que junto com ela é acusado da morte da criança. O filho mais velho do casal estava com a família no dia da morte da irmã.
Anna fez a afirmação em tom tenso quando o síndico do edifício London, Antonio Lucio Teixeira, no depoimento, disse que um vizinho o procurou ontem e disse que falou com o menino após a queda de Isabella. Segundo Teixeira, o vizinho perguntou: "Filho, alguém entrou no seu apartamento?". A criança disse: "Não, não". Depois, o homem perguntou o que aconteceu. O menino soluçou.
Segundo assessores do Tribunal de Justiça, que assistem aos depoimentos, a afirmação causou alvoroço. O juiz chegou a perguntar se, em meio aos soluços, a criança falou a palavra pai. O advogado de defesa fez o síndico esclarecer que a resposta foi só uma série de soluços.
O promotor Francisco Cembranelli tentou colocar fim à discussão dizendo que chamaria o vizinho para falar. O juiz assentiu. O vizinho disse à reportagem que não falaria sobre o assunto antes de conversar com Teixeira e não disse se falou ou não com o menino.
Após o crime, a hipótese de ouvir o menino foi discutida. Promotoria e defesa concordaram que seria traumático para a criança. A afirmação de Anna a Alexandre foi um dos poucos momentos de exaltação do casal durante o julgamento.
Tanto Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, quanto Rosa Maria de Oliveira, avó materna, ressaltaram a preocupação das famílias Oliveira e Nardoni em deixar Anna Jatobá sozinha com Isabella. Esta foi a primeira vez em que a família Oliveira encontrou pessoalmente o casal acusado da morte de Isabella em quase três meses.
Ana Oliveira disse que a avó paterna de Isabella, Maria Aparecida Nardoni, tinha receio de deixar a neta a sós com Anna Jatobá. Anteontem, uma ex-vizinha dos pais de Nardoni, Benícia Maria Bronzati Fernandes, disse ter alertado Maria Aparecida sobre Anna Jatobá.
A mãe de Isabella foi questionada sobre por que acredita no envolvimento de Nardoni e Anna Jatobá no assassinato de Isabella. Ela respondeu que sua desconfiança está baseada em "algumas coisas que tinham acontecido", e que "a Isabella poderia ter falado alguma coisa". Segundo assessores de imprensa do Tribunal de Justiça, o juiz e os advogados não pediram a ela que desse detalhes.
Houve nove depoimentos ontem, incluindo vizinhos que ouviram gritos, o porteiro Waldomiro Veloso, uma testemunha cuja identidade não foi revelada e a avó materna. O avô materno, José Arcanjo de Oliveira, foi dispensado. O juiz entendeu que seu depoimento seria parecido com o da mulher.
Todos repetiram as mesmas afirmações que haviam dado à polícia. A única que recuou em uma informação foi Rosa. Ela disse que a filha não ficou doente quando terminou o namoro com Alexandre, mas teve apenas uma gastrite. Nardoni manifestou indignação.
Os advogados de defesa fizeram perguntas cujo sentido ainda não é claro. Para Ana Oliveira, perguntaram se teve um caso com alguém do banco onde trabalha quando namorava Nardoni. Ela respondeu que nem sequer trabalhava na agência na época. Questionaram ainda, sem explicar de quem se trata, se conhecia um Robson. Ela afirmou que sim. Ana e o porteiro tiveram que responder também se eram destros. Ambos disseram ser.
O último depoimento acabou às 22h44. As testemunhas de defesa serão ouvidas nos dias 2 e 3 de julho.


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