São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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Sexo casual cresce no país, mas uso de camisinha cai

Relações com "paqueras" e "ficantes" pularam de 4% em 2004 para 9,3% em 2008

Só 21,5% usam preservativo, ante 25,3% em 2004, revela pesquisa do governo; 21% dos homens e 11% das mulheres dizem ter traído


ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os brasileiros estão fazendo mais sexo casual, usando menos camisinha e já incorporaram a internet como meio de encontrar parceiros sexuais. É o que revela uma pesquisa nacional do Ministério da Saúde. Em pesquisa similar feita em 2004, 4% dos entrevistados disseram ter tido mais de cinco parceiros eventuais no ano.
Em 2008, o índice passou para 9,3%. Quase um terço dos homens e um quarto das mulheres tiveram algum relacionamento casual (relações sexuais com "paqueras, ficantes etc.", na definição do ministério) ao menos uma vez no último ano. Já o uso de preservativo caiu tanto nesse tipo de relacionamento (de 51,5% para 46,5%) como no universo geral (sexo com parceiros fixos ou casuais, em que o uso de camisinha passou de 25,3% para 21,5%).
Os resultados não surpreenderam Alexandre Saadeh, psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo especializado em sexualidade. Segundo ele, o brasileiro vive uma nova onda de liberação, em que mais gente faz sexo com diversos parceiros e se protege menos.
"[A camisinha] atrapalha bastante a relação sexual, aumenta a possibilidade de perda de ereção. Com coquetel anti-Aids e pílula do dia seguinte para evitar gravidez, o pessoal tem tomado menos cuidado. Há uma falsa sensação de segurança", diz. Por ano, 33 mil pessoas contraem o HIV no Brasil.

Geração
"Para a minha geração, é mais complicado. Eu não conheci o sexo com camisinha. Quando surgiu a Aids, eu já estava sexualmente ativo", diz o designer gráfico Fabiano Carvalho, 43, casado há quatro anos e com uma filha de três. Gerente de relacionamentos de uma empresa, Eliana Rodilha, 51, vivenciou esse "conflito de geração" em relação ao preservativo. Há três meses está separada do companheiro de 12 anos, com quem fazia sexo sem camisinha. "Nessa idade, os homens são muito resistentes ao preservativo. Também porque não têm a mesma ereção, colocar a camisinha acaba sendo um problema."
"À medida que nós conquistamos um patamar muito melhor no tratamento [da Aids], existe o risco de ocorrer uma banalização. Mas é preciso lembrar que ainda é melhor viver sem a doença do que com ela", afirmou ontem o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
A pesquisa mostra ainda que 21% dos homens e 11% das mulheres disseram ter traído seus parceiros ao menos uma vez no último ano -a maioria, sem usar camisinha. O levantamento também aponta que 10% dos homens e 5% das mulheres sexualmente ativas tiveram experiências homossexuais. A coordenadora do Programa de DST e Aids do ministério, Mariângela Simão, alerta que a forma de prevenção mais segura é usar camisinha em todas as relações.

Colaboraram MARIANA BARROS, da Reportagem Local, e VERIDIANA RIBEIRO, em São Paulo



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