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Sexo casual cresce no país, mas uso de camisinha cai
Relações com "paqueras" e "ficantes" pularam de 4% em 2004 para 9,3% em 2008
Só 21,5% usam preservativo, ante 25,3% em 2004, revela pesquisa do governo; 21%
dos homens e 11% das mulheres dizem ter traído
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os brasileiros estão fazendo
mais sexo casual, usando menos camisinha e já incorporaram a internet como meio de
encontrar parceiros sexuais. É
o que revela uma pesquisa nacional do Ministério da Saúde.
Em pesquisa similar feita em
2004, 4% dos entrevistados
disseram ter tido mais de cinco
parceiros eventuais no ano.
Em
2008, o índice passou para
9,3%. Quase um terço dos homens e um quarto das mulheres tiveram algum relacionamento casual (relações sexuais
com "paqueras, ficantes etc.",
na definição do ministério) ao
menos uma vez no último ano.
Já o uso de preservativo caiu
tanto nesse tipo de relacionamento (de 51,5% para 46,5%)
como no universo geral (sexo
com parceiros fixos ou casuais,
em que o uso de camisinha passou de 25,3% para 21,5%).
Os resultados não surpreenderam Alexandre Saadeh, psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo especializado
em sexualidade. Segundo ele, o
brasileiro vive uma nova onda
de liberação, em que mais gente
faz sexo com diversos parceiros
e se protege menos.
"[A camisinha] atrapalha
bastante a relação sexual, aumenta a possibilidade de perda
de ereção. Com coquetel anti-Aids e pílula do dia seguinte para evitar gravidez, o pessoal
tem tomado menos cuidado.
Há uma falsa sensação de segurança", diz. Por ano, 33 mil pessoas contraem o HIV no Brasil.
Geração
"Para a minha geração, é
mais complicado. Eu não conheci o sexo com camisinha.
Quando surgiu a Aids, eu já estava sexualmente ativo", diz o
designer gráfico Fabiano Carvalho, 43, casado há quatro
anos e com uma filha de três.
Gerente de relacionamentos
de uma empresa, Eliana Rodilha, 51, vivenciou esse "conflito
de geração" em relação ao preservativo. Há três meses está
separada do companheiro de 12
anos, com quem fazia sexo sem
camisinha. "Nessa idade, os homens são muito resistentes ao
preservativo. Também porque
não têm a mesma ereção, colocar a camisinha acaba sendo
um problema."
"À medida que nós conquistamos um patamar muito melhor no tratamento [da Aids],
existe o risco de ocorrer uma
banalização. Mas é preciso lembrar que ainda é melhor viver
sem a doença do que com ela",
afirmou ontem o ministro da
Saúde, José Gomes Temporão.
A pesquisa mostra ainda que
21% dos homens e 11% das mulheres disseram ter traído seus
parceiros ao menos uma vez no
último ano -a maioria, sem
usar camisinha. O levantamento também aponta que 10% dos
homens e 5% das mulheres sexualmente ativas tiveram experiências homossexuais.
A coordenadora do Programa de DST e Aids do ministério, Mariângela Simão, alerta
que a forma de prevenção mais
segura é usar camisinha em todas as relações.
Colaboraram MARIANA BARROS, da Reportagem Local, e VERIDIANA RIBEIRO, em São Paulo
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