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Fashionistas aderem ao lema: "twitto, logo existo"
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
Além da movimentação de
fotógrafos e modelos, mais um
comportamento frenético passou a ser visto na São Paulo
Fashion Week. Ao mesmo tempo em que assistem a desfiles,
fashionistas teclam sem parar
seus celulares. O que fazem?
Postam "notícias" sobre o
evento no Twitter, um tipo de
rede social no qual o usuário
responde à pergunta: "O que
você está fazendo?". As respostas são escritas em no máximo
140 caracteres e enviadas para
os seus "seguidores" no site.
A mania acabou criando uma
nova forma de crítica de moda:
a telegráfica, em que uma coleção pode ser analisada em poucas frases curtas. Os autores
das críticas dão olhadas rápidas
na passarela ao mesmo tempo
em que escrevem comentários
como "estou bege com o desfile
da Colcci" e enviam para o site,
que distribui automaticamente
para outros "twitteiros". A febre do "preciso contar o que estou fazendo/ vendo" é tão grande que alguns fashionistas chegam a postar 20 comentários
por dia. E dá para ver um desfile
ao mesmo tempo em que escreve no celular?
"Dá sim, você só precisa ser
rápido e não editar o que vai escrever", ensina o editor de moda Ricardo Oliveros, que assiste
a todos os desfiles com o celular
na mão. Ele tem seu próprio padrão de avaliação. "Se é bom,
posto até cinco comentários. Se
é ruim, só dois." O editor leva o
Twitter tão a sério que antes
das apresentações vai ao backstage das marcas ver as coleções
de perto. "Aí posso olhar rápido
e postar com os detalhes", explica. Vale lembrar que Twitter
não tem foto.
"Eu sou a pioneira do Twitter, faço isso antes de todo
mundo", reivindica a editora
Alexandra Farah, que pode ser
vista nos desfiles grudada em
seu celular. "É como se eu pensasse alto, posto as coisas que
passam pela minha cabeça."
Num dos desfiles de anteontem, ela enviou a mensagem-crítica: "Começou V.Rom com
remendos e pedaços".
Há quem prefira narrar suas
próprias desventuras no São
Paulo Fashion Week. Caso da
blogueira e repórter do site
"Chic" Janaína Rosa. "Escrevo
as coisas que acontecem comigo mesma. Comecei a contar a
minha vida e vi que as pessoas
se interessavam. Então, virei a
Xuxa do Twitter, quero mais é
agradar meu público", diz a
moça. "Acho que twitto um
pouco para ser aceita. Por
exemplo, ontem a Costanza
Pascolato veio me apresentar a
filha dela e eu pensei: "Eu preciso contar isso para as pessoas"."
Ela faz outro diagnóstico sobre
os twitteiros. "Acho que a gente
twitta tanto que acaba não arrumando namorado." Janaína
tem cerca de mil leitores. E ela
mesma acompanha por Twitter os desfiles que não pode ver.
As criadoras do blog Oficina
de Estilo, Cris Gabrielli e Fernanda Resende, postam cerca
de 20 comentários por dia em
época de SPFW. "Não twittamos durante o desfile, senão fica difícil de assistir. Contamos
depois coisas com o nosso
olhar, para que as pessoas saibam qual é a vida real aqui no
evento", diz Fernanda. "Nós
twittamos até a comida da sala
de imprensa", diz Cris. Tradução para leigos: isso significa
que elas escreveram no Twitter
o que estava sendo servido de
lanche para os jornalistas.
Entendeu?
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