São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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Fashionistas aderem ao lema: "twitto, logo existo"

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Além da movimentação de fotógrafos e modelos, mais um comportamento frenético passou a ser visto na São Paulo Fashion Week. Ao mesmo tempo em que assistem a desfiles, fashionistas teclam sem parar seus celulares. O que fazem?
Postam "notícias" sobre o evento no Twitter, um tipo de rede social no qual o usuário responde à pergunta: "O que você está fazendo?". As respostas são escritas em no máximo 140 caracteres e enviadas para os seus "seguidores" no site.
A mania acabou criando uma nova forma de crítica de moda: a telegráfica, em que uma coleção pode ser analisada em poucas frases curtas. Os autores das críticas dão olhadas rápidas na passarela ao mesmo tempo em que escrevem comentários como "estou bege com o desfile da Colcci" e enviam para o site, que distribui automaticamente para outros "twitteiros". A febre do "preciso contar o que estou fazendo/ vendo" é tão grande que alguns fashionistas chegam a postar 20 comentários por dia. E dá para ver um desfile ao mesmo tempo em que escreve no celular?
"Dá sim, você só precisa ser rápido e não editar o que vai escrever", ensina o editor de moda Ricardo Oliveros, que assiste a todos os desfiles com o celular na mão. Ele tem seu próprio padrão de avaliação. "Se é bom, posto até cinco comentários. Se é ruim, só dois." O editor leva o Twitter tão a sério que antes das apresentações vai ao backstage das marcas ver as coleções de perto. "Aí posso olhar rápido e postar com os detalhes", explica. Vale lembrar que Twitter não tem foto.
"Eu sou a pioneira do Twitter, faço isso antes de todo mundo", reivindica a editora Alexandra Farah, que pode ser vista nos desfiles grudada em seu celular. "É como se eu pensasse alto, posto as coisas que passam pela minha cabeça." Num dos desfiles de anteontem, ela enviou a mensagem-crítica: "Começou V.Rom com remendos e pedaços".
Há quem prefira narrar suas próprias desventuras no São Paulo Fashion Week. Caso da blogueira e repórter do site "Chic" Janaína Rosa. "Escrevo as coisas que acontecem comigo mesma. Comecei a contar a minha vida e vi que as pessoas se interessavam. Então, virei a Xuxa do Twitter, quero mais é agradar meu público", diz a moça. "Acho que twitto um pouco para ser aceita. Por exemplo, ontem a Costanza Pascolato veio me apresentar a filha dela e eu pensei: "Eu preciso contar isso para as pessoas"." Ela faz outro diagnóstico sobre os twitteiros. "Acho que a gente twitta tanto que acaba não arrumando namorado." Janaína tem cerca de mil leitores. E ela mesma acompanha por Twitter os desfiles que não pode ver.
As criadoras do blog Oficina de Estilo, Cris Gabrielli e Fernanda Resende, postam cerca de 20 comentários por dia em época de SPFW. "Não twittamos durante o desfile, senão fica difícil de assistir. Contamos depois coisas com o nosso olhar, para que as pessoas saibam qual é a vida real aqui no evento", diz Fernanda. "Nós twittamos até a comida da sala de imprensa", diz Cris. Tradução para leigos: isso significa que elas escreveram no Twitter o que estava sendo servido de lanche para os jornalistas.
Entendeu?


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