São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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Blitze mudam hábitos dos cariocas

Operações ocorrem diariamente na cidade; no Estado, 43 mil pessoas já foram multadas desde março de 2009

Taxista diz que, nos fins de semana, faturamento cresceu 50%; em dia de jogo do Brasil, blitz começa mais cedo


BRUNA FANTTI
DO RIO

Desde o início das blitze da lei seca no Rio, em março de 2009 até a madrugada de ontem, cerca de 43 mil pessoas já foram multadas e 988 motoristas pegos alcoolizados foram encaminhados para as delegacias da região metropolitana.
Com isso, foram registrados 5.037 acidentes a menos no Estado.
As operações são realizadas diariamente na cidade. Nem mesmo na última terça, dia do primeiro jogo do Brasil na Copa, os fiscais saíram das ruas. Pelo contrário, as operações começaram mais cedo e o saldo foi de 126 multas e 56 carteiras apreendidas -índice médio de uma noite de sábado.
A rigidez e a grande quantidade das operações estão mudando os hábitos dos cariocas. A espera por um táxi chamado nas madrugadas de sábado nas principais cooperativas da cidade, que costumava ser rápida, agora pode levar meia hora.
Isso, com sorte. Muitas vezes as atendentes das centrais ligam para informar que não há táxis disponíveis.
Walter Martins, 52, taxista há 22 anos, afirma que o seu faturamento cresceu em pelo menos 50% nas noites do final de semana. "As pessoas se deram conta que é melhor pagar R$ 50 de táxi do que quase R$ 1.000 de multa", disse, referindo-se à multa de R$ 957,70 prevista para os motoristas que forem detidos embriagados.
Para a professora de saúde pública da pós-graduação em enfermagem da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Ângela Mendes, as fiscalizações foram determinantes para a redução de acidentes. "No meu doutorado pesquisei os reflexos da Lei Seca e percebi que o carioca mudou os hábitos com receio das multas. Isso repercutiu na diminuição de vítimas fatais. Só no primeiro ano, reduziu em 12%."
As operações são rigorosas. Em outubro de 2009, o ator Bruno Gagliasso teve de pagar multa, além de ter a CNH apreendia após beber, segundo ele, uma taça de champanhe. Na mesma época, a atriz Danielle Winits se recusou a fazer o teste do bafômetro e, por isso, teve o carro apreendido.
O técnico de futebol René Simões foi detido semana passada. Não havia bebido, mas a vistoria constatou que a documentação de seu carro estava irregular.


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