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Para juiz, defesa de Suzane quer anular júri
SERGIO TORRES
EM SÃO PAULO
O advogado Mauro Otávio
Nacif, 61, age em plenário de
modo a que o julgamento de
Suzane von Richthofen e dos irmãos Cravinhos venha a ser
suspenso ou anulado mais tarde por um tribunal superior,
avaliou, em conversas com colegas do Judiciário, o presidente do 1º Tribunal do Júri, Alberto Anderson Filho, 52.
Considerado no meio jurídico de São Paulo um magistrado
educado e de trato fácil, Anderson Filho tem se controlado a
contragosto nos diálogos em
plenário com o advogado de Suzane. Nos intervalos, já comentou sobre sua irritação com o
comportamento de Nacif.
Um dos fatos que mais irritaram o juiz ocorreu por volta das
23h de anteontem, no fim do
interrogatório de Suzane. Ele
reclamou que Nacif estava se
repetindo, atrasando o fim da
sessão. O advogado rebateu
com uma frase que deixou estupefatos juiz e platéia.
"Estou com bronquite pulmonar. Meu peito está carregado de catarro. Para escarrar lá
fora, perdi algumas passagens.
Por isso estou perguntando de
novo. Se não puder sair para escarrar, vou escarrar aqui no tribunal", disse ele, apontando o
tablado em frente ao juiz.
Anderson Filho procurou
reagir educadamente. "Espero
que o senhor não faça isso aqui
nem em lugar nenhum."
Ontem à tarde, em um intervalo do julgamento, o juiz disse
à Folha não ter se surpreendido com o episódio em que o advogado ameaçou cuspir. "Surpreender, não. Para mim, pessoalmente, não."
O juiz disse que sua condição
de presidente do júri incumbido de julgar um caso tão complicado quanto a morte do casal Richthofen o obriga a ignorar implicâncias e desrespeitos.
O relacionamento de Anderson Filho e Nacif é complicado.
No julgamento suspenso em 5
de junho, o advogado pôs o dedo no rosto do juiz, chamando-o de intransigente, desleal e arbitrário, antes de deixar o júri.
Ontem, durante o interrogatório de Andreas von Richthofen, um novo entrevero entre
juiz e advogado tornou tenso o
ambiente no tribunal. Anderson Filho achou que Nacif estava pressionando o irmão de Suzane e o interrompeu. "O sr.
não vai intimidar o meu depoente. No meu plenário, não."
Após o depoimento, Nacif
negou ter agido de forma intimidatória. "Queria deixar claro
ao Andreas que a irmã dele o
ama muito", disse, acrescentando que, embora seja conhecido na Justiça como o "príncipe das nulidades", não quer
provocar a interrupção do júri.
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