São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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Sentenças do caso Liana podem sair hoje

Julgamento de três dos acusados de participar do crime em que casal de jovens foi morto começou ontem

DANIELA TÓFOLI
TOMÁS CHIAVERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A sentença de três dos cinco acusados de seqüestrar, estuprar ou ajudar a matar em novembro de 2003 o casal de estudantes Liana Friedenbach, na época com 16, e Felipe Caffé, então com 19, pode sair no fim da noite de hoje. O julgamento teve início às 10h de ontem, na Câmara de Embu-Guaçu (47 km de São Paulo) -cidade onde o crime aconteceu- e está ocorrendo mais rápido do que a defesa e a acusação previam.
Quatro testemunhas -três de defesa e uma de ambas as partes- desistiram de depor. Ninguém soube explicar o motivo. Os réus Agnaldo Pires (acusado de estupro), Antônio Caetano da Silva (acusado de auxílio no seqüestro e no estupro) e Antônio Matias de Barros (acusado de seqüestro, porte de arma e favorecimento pessoal) chegaram ao local às 8h25 e começaram a ser ouvidos às 11h20.
Pires depôs por 35 minutos, Silva por 1h35 e Barros por 46 minutos. O conteúdo dos depoimentos não foi revelado à imprensa porque o caso está sob segredo de Justiça. Apenas cinco parentes acompanharam o julgamento.
A defesa conseguiu uma vitória ao recusar três mulheres para o júri e, assim, garantir que os acusados sejam julgados por seis homens e apenas uma mulher, todos moradores da cidade. A acusação esperava ter mais mulheres como juradas por acreditar que elas se sensibilizam mais com o crime.
Após o término dos depoimentos dos réus e intervalo para almoço, por volta das 15h30, a juíza Alena Cotrim Bizzarro começou a ouvir as testemunhas: uma de acusação, quatro das duas partes e duas de defesa (de Barros). O depoimento de cada uma durou entre 20 e 30 minutos e ocorreu em uma sala separada dos acusados para evitar constrangimento.
Ari Friedenbach, pai de Liana, foi uma delas. "Entrei, testemunhei e agora vou embora. Nunca vi e não quero ver essa gente, se é que eles podem ser chamados de gente", disse ao deixar o local, pouco antes das 18h. No depoimento, perguntaram a ele sobre sobre seu relacionamento com a filha e de Felipe com a família.
Por volta das 18h15, a juíza deu início à leitura de parte do inquérito, que terminou às 19h20. Hoje, os trabalhos estão previstos para recomeçar às 10h. Até o fim da noite, a sentença deve ser pronunciada.

Adolescente na Febem
Ainda não há data para Paulo César da Silva Marques, o Pernambuco, acusado de ter matado Felipe a tiros, ser julgado. Ele entrou com recurso para não participar do atual julgamento. Já o adolescente acusado de matar Liana a facadas e estuprá-la diversas vezes, deveria sair da Febem em novembro. Mas a assistente de acusação Andréa Zuppo disse ontem que daqui a 45 dias o Ministério Público deverá pedir à Justiça para que ele não seja liberado.
"Laudos psiquiátricos mostram que ele pode reincidir a qualquer momento", disse. Pela lei, o menor poderia ficar mais dois anos internado e, depois, o Ministério Público pode pedir sua transferência para um manicômio judiciário. A Febem informou que não pode dizer onde o menor se encontra para garantir sua segurança. Segundo a instituição, ele já mudou de unidade diversas vezes e usa outro nome lá dentro.
Depois da sessão de ontem, Zuppo afirmou que a defesa dos três acusados procurou atribuir justamente ao adolescente a responsabilidade pelos crimes. Segundo essa versão, foi por determinação dele que os outros suspeitos praticaram os atos de que são acusados.
A mãe de Felipe, Lenice Caffé, não se conforma com a impunidade do menor. "Logo ele estará livre. É um tapa na cara da sociedade." Ontem, disse desejar pena máxima aos acusados. "É desesperador, mas quero olhar para esses monstros."


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