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88% querem presença do Exército em SP
Segundo pesquisa Datafolha, brasileiros avaliam que Estado deveria aceitar oferta de força de segurança do governo federal
Aumenta a proporção de eleitores que atribuem "muita responsabilidade" na crise ao chefe do governo paulista e ao presidente Lula
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo deveria aceitar a ajuda do governo
federal e colocar nas ruas tropas do Exército e da Força Nacional de Segurança Pública.
A opinião é compartilhada
por 88% dos eleitores brasileiros, segundo pesquisa Datafolha feita ontem e anteontem,
menos de uma semana depois
da segunda onda de atentados
do PCC (Primeiro Comando da
Capital) no Estado neste ano
-a primeira ocorreu em maio.
O levantamento mostra que
82% dos eleitores paulistas
também são favoráveis à medida, rejeitada na última semana
pelo governador Cláudio Lembo (PFL). Só 8% dos entrevistados em 277 municípios do país
consideram que a ajuda federal
não é necessária para São Paulo
-e 4% não quiseram opinar.
A pesquisa Datafolha aponta
que, na avaliação de 52%, os
ataques do PCC vão terminar
se a gestão estadual aceitar as
tropas do Exército e da Força
Nacional de Segurança Pública
(formada por policiais de vários
Estados). Outros 34% dizem
que os atentados vão prosseguir mesmo com essa ajuda.
Na semana passada, houve
um repasse de R$ 100 milhões
do governo federal a São Paulo,
por exemplo, para a recuperação das prisões destruídas pelo
PCC. A oferta de tropas foi descartada por Lembo por enquanto, mas ele deixou aberta a
possibilidade de solicitá-las no
futuro. "A integração poderá
haver, quando necessário, porém não é o momento", disse.
O levantamento do Datafolha desta semana indica ainda
um crescimento no percentual
de eleitores que atribuem
"muita responsabilidade" na
crise ao governador e a Lula.
Entre maio e julho, a proporção dos que responsabilizam
Lembo dessa forma pelos atentados saltou de 32% para 38%
-e a do petista, de 30% a 35%.
A responsabilização do ex-governador Geraldo Alckmin
(PSDB) é semelhante à de Lula,
porém ficou em patamar mais
estável em comparação com
maio, na época da primeira onda de atentados do PCC. O percentual dos que acham que ele
tem "muita responsabilidade"
oscilou de 29% para 32%.
Mesmo assim, a população
segue culpando ainda mais os
juízes, promotores, deputados
e senadores. Para 46%, há
"muita responsabilidade" do
Poder Judiciário nos ataques
do PCC -44% tinham essa avaliação há dois meses. Dos entrevistados, 45% têm essa opinião em relação ao Legislativo
-contra 42% anteriormente.
O Datafolha ouviu 6.264 eleitores com 16 anos ou mais no
país. A margem de erro é de
dois pontos percentuais para
mais ou para menos, com um
nível de confiança de 95%. Isso
significa que, se fossem realizados 100 levantamentos com a
mesma metodologia, em 95 os
resultados estariam dentro da
margem de erro prevista.
O instituto, há dois meses,
chegou a fazer pesquisa pela
qual 73% dos paulistanos, na
época, achavam que a gestão
estadual deveria ter aceitado a
oferta de tropas do Exército.
O número, porém, não é
comparável com a opinião
atual de 88% dos eleitores brasileiros, não só porque os entrevistados eram só da cidade de
São Paulo como porque a pergunta anterior tratava apenas
do Exército, sem citar a Força
Nacional de Segurança Pública.
Medo é nacional
A pesquisa desta semana
também apontou que a taxa dos
que dizem sentir "muito medo"
de ser vítima de um ataque do
PCC é maior no Rio (63%) do
que em São Paulo (57%), apesar
de a facção criminosa concentrar líderes e alvos até hoje no
Estado governado por Lembo.
Para 50% dos entrevistados,
a principal intenção do PCC
com os ataques é jogar a população contra as autoridades, enquanto que, para 28%, é melhorar as condições dos presos.
Desde a noite do dia 11, já
ocorreram 452 ataques em São
Paulo atribuídos ao PCC. As
principais ações envolveram a
destruição de ônibus, principalmente incendiados. Com
medo, na quinta a maioria das
viações da capital interrompeu
os serviços, deixando mais de 2
milhões de pessoas a pé.
Em maio, os atentados da
facção levaram ao fechamento
do comércio na cidade e suspensão de aulas, deixando ruas
vazias em plena segunda-feira.
Os ataques, na ocasião, somaram 373, com 46 mortes atribuídas ao PCC e 92 suspeitos
mortos pela polícia.
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