São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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88% querem presença do Exército em SP

Segundo pesquisa Datafolha, brasileiros avaliam que Estado deveria aceitar oferta de força de segurança do governo federal

Aumenta a proporção de eleitores que atribuem "muita responsabilidade" na crise ao chefe do governo paulista e ao presidente Lula


ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo deveria aceitar a ajuda do governo federal e colocar nas ruas tropas do Exército e da Força Nacional de Segurança Pública.
A opinião é compartilhada por 88% dos eleitores brasileiros, segundo pesquisa Datafolha feita ontem e anteontem, menos de uma semana depois da segunda onda de atentados do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado neste ano -a primeira ocorreu em maio.
O levantamento mostra que 82% dos eleitores paulistas também são favoráveis à medida, rejeitada na última semana pelo governador Cláudio Lembo (PFL). Só 8% dos entrevistados em 277 municípios do país consideram que a ajuda federal não é necessária para São Paulo -e 4% não quiseram opinar.
A pesquisa Datafolha aponta que, na avaliação de 52%, os ataques do PCC vão terminar se a gestão estadual aceitar as tropas do Exército e da Força Nacional de Segurança Pública (formada por policiais de vários Estados). Outros 34% dizem que os atentados vão prosseguir mesmo com essa ajuda.
Na semana passada, houve um repasse de R$ 100 milhões do governo federal a São Paulo, por exemplo, para a recuperação das prisões destruídas pelo PCC. A oferta de tropas foi descartada por Lembo por enquanto, mas ele deixou aberta a possibilidade de solicitá-las no futuro. "A integração poderá haver, quando necessário, porém não é o momento", disse.
O levantamento do Datafolha desta semana indica ainda um crescimento no percentual de eleitores que atribuem "muita responsabilidade" na crise ao governador e a Lula.
Entre maio e julho, a proporção dos que responsabilizam Lembo dessa forma pelos atentados saltou de 32% para 38% -e a do petista, de 30% a 35%.
A responsabilização do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) é semelhante à de Lula, porém ficou em patamar mais estável em comparação com maio, na época da primeira onda de atentados do PCC. O percentual dos que acham que ele tem "muita responsabilidade" oscilou de 29% para 32%.
Mesmo assim, a população segue culpando ainda mais os juízes, promotores, deputados e senadores. Para 46%, há "muita responsabilidade" do Poder Judiciário nos ataques do PCC -44% tinham essa avaliação há dois meses. Dos entrevistados, 45% têm essa opinião em relação ao Legislativo -contra 42% anteriormente.
O Datafolha ouviu 6.264 eleitores com 16 anos ou mais no país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%. Isso significa que, se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.
O instituto, há dois meses, chegou a fazer pesquisa pela qual 73% dos paulistanos, na época, achavam que a gestão estadual deveria ter aceitado a oferta de tropas do Exército.
O número, porém, não é comparável com a opinião atual de 88% dos eleitores brasileiros, não só porque os entrevistados eram só da cidade de São Paulo como porque a pergunta anterior tratava apenas do Exército, sem citar a Força Nacional de Segurança Pública.

Medo é nacional
A pesquisa desta semana também apontou que a taxa dos que dizem sentir "muito medo" de ser vítima de um ataque do PCC é maior no Rio (63%) do que em São Paulo (57%), apesar de a facção criminosa concentrar líderes e alvos até hoje no Estado governado por Lembo.
Para 50% dos entrevistados, a principal intenção do PCC com os ataques é jogar a população contra as autoridades, enquanto que, para 28%, é melhorar as condições dos presos.
Desde a noite do dia 11, já ocorreram 452 ataques em São Paulo atribuídos ao PCC. As principais ações envolveram a destruição de ônibus, principalmente incendiados. Com medo, na quinta a maioria das viações da capital interrompeu os serviços, deixando mais de 2 milhões de pessoas a pé.
Em maio, os atentados da facção levaram ao fechamento do comércio na cidade e suspensão de aulas, deixando ruas vazias em plena segunda-feira.
Os ataques, na ocasião, somaram 373, com 46 mortes atribuídas ao PCC e 92 suspeitos mortos pela polícia.


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