|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aposentadas protestavam com tricô
Grupo havia recebido convite da Fiesp para participar de um ato público pelo pagamento das dívidas previdenciárias
Pensionistas se reuniam em frente à sede do governo do RS para tricotar; resultado é um cachecol com 500 metros de comprimento
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
O vôo 3054 encerrou a trajetória de sete aposentadas, com
71 a 85 anos, que usavam o tricô
para protestar pelo pagamento
de dívidas previdenciárias.
Filiadas ao Sinapers (Sindicato dos Aposentados e Pensionistas do Rio Grande do Sul),
elas viajavam a São Paulo com
uma missão: liderar, como convidadas, a campanha nacional
contra a PEC (Proposta de
Emenda Constitucional) 12,
que flexibiliza o pagamento de
precatórios (dívidas do governo) no país.
Além da presidente do sindicato, Júlia Camargo, 80, outras
seis associadas, dois assessores
e a secretária-executiva da associação morreram. A convite
da Fiesp, o grupo iria participar
ontem de ato na av. Paulista.
No Rio Grande do Sul, os precatórios não são pagos regularmente desde 1999 e geram um
passivo de R$ 5 bilhões. A
maior parte da dívida é com
viúvas que recebem pensão.
Há dois anos, as pensionistas
criaram o grupo de protesto,
que se reúne todas as quartas-feiras em frente ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho,
para tricotar. O resultado é um
cachecol de lã com 50 cm de
largura e quase 500 m de comprimento -que seria usado no
ato e desapareceu no acidente.
"Nossa luta estava ganhando
visibilidade", disse Ilma Penna
de Moraes, 66, assistente administrativa do sindicato. Ela promete prosseguir o tricô em memória das colegas.
Antônio Carlos Silva Ramos,
65, filho de Ecilda Ramos, 85,
não escondeu a revolta. "Minha
mãe e suas colegas foram heróicas porque empreenderam
uma batalha enorme contra o
poder do Estado."
Estrangeiros
Familiares de outras vítimas
contam como eram passageiros
e tripulantes do Airbus. Há histórias como a dos irmãos João
Francisco e Pedro Augusto Caltabiano, diretores de uma rede
de concessionárias em São
Paulo. Ontem, a rede estava de
luto. Funcionários das empresas Gerdau e Braskem e do
Banco Real também estavam
no vôo da TAM.
Havia, ainda, estrangeiros
entre as vítimas. O consulado
da Argentina em São Paulo
confirmou que Alejandro Guillermo Camozzi, que morava
no Brasil, estava no avião. O
consulado francês confirmou a
morte de duas pessoas, mas divulgou o nome de apenas uma:
Silvano Almeida Bonfim. O
consulado peruano confirmou
o nome de Ricardo Tazoe.
Texto Anterior: "Perdi meu pai e não consigo nem culpar ninguém", conta filha de químico Próximo Texto: "Sinto um vazio enorme", diz mãe de vítima Índice
|