São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Taxistas oficiais e ilegais se enfrentam em Congonhas

Cerca de 80 taxistas clandestinos atuam livremente no aeroporto de SP

"Arrastador" ganha R$ 2 por passageiro de táxi clandestino; disputa é razão de ameaças e brigas entre os taxistas

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

O passageiro pode não perceber, mas o aeroporto de Congonhas (zona sul de SP), o segundo mais movimentado do país, é terra de ninguém quando se trata de táxi.
Cerca de 80 taxistas clandestinos atuam livremente no aeroporto em busca de passageiros; a fiscalização é precária e não inibe a prática.
Incentivada pela ação ineficaz do poder público, deflagrou-se uma guerra silenciosa entre ilegais e os 1.077 taxistas autorizados pela prefeitura a trabalhar no ponto.
Os cadastrados acusam os ilegais de lhes roubar passageiros, que dizem estar ali pois têm de trabalhar. A invasão de ponto é proibida pela prefeitura. A tensão é frequente. A Folha colheu relatos de ameaças e brigas. Todos só aceitaram conversar sob anonimato.
"Isso aqui é uma bomba prestes a explodir", disse um dos taxistas autorizados. Outro afirmou ter sido ameaçado de morte com revólver, três meses atrás, ao abordar um ilegal. Não foi à polícia por medo, afirma.
Entre os clandestinos, um taxista de 56 anos mostrou as costas machucadas em agressão no início do ano. Obra, diz ele, dos "pitbulls", taxistas de colete que a cooperativa responsável pelo ponto de Congonhas coloca para andar pelo aeroporto.
Por três dias, a Folha acompanhou em Congonhas o trabalho dos clandestinos.
A atuação ocorre no embarque e no saguão central, próximo à praça de alimentação. O serviço começa com os "arrastadores", que discretamente oferecem táxis para quem sai do aeroporto. Cada arrastador ganha R$ 2 por viagem que amealhar.
Os táxis entram e saem de Congonhas o dia inteiro, à espera do chamado dos arrastadores. Entram nas dependências de Congonhas com passageiros "laranjas".
A estratégia tem uma razão: táxi que entrar vazio em Congonhas está sujeito a multa de R$ 48. Mesmo quando não há corrida certa, os táxis circulam no local.
A cooperativa dos taxistas autorizados de Congonhas tem a placa da maior parte dos táxis ilegais; quando os veem, avisam a fiscalização.
Cabe ao DTP (Departamento de Transporte Público) coibir a prática. Os fiscais andam por Congonhas em duplas. Quando estão no embarque, o movimento cai. Assim que deixam a área, os arrastadores voltam a atuar.
Fenômeno semelhante ocorre com os marronzinhos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Tirar clandestino é difícil, dizem as autoridades
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.