São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2011

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Rixa de imigrantes acaba em morte no Pari

Paraguaios e bolivianos partem para a briga depois de festa no centro de São Paulo; três pessoas ficam feridas

Grupo conhecido como "pandilla" paraguaia é acusado de perseguir e discriminar imigrantes bolivianos na cidade

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Um confronto entre paraguaios e bolivianos terminou com uma pessoa morta e feridas anteontem à noite no bairro do Pari, reduto de imigrantes latino-americanos no centro de São Paulo.
A suspeita é que os paraguaios sejam de um grupo chamado "pandilla" (gangue, em espanhol) paraguaia, acusado de discriminar, roubar e agredir bolivianos do Pari e do Brás.
"Eles acham que somos mais frágeis porque nem todos procuram a polícia", disse uma comerciante boliviana do Brás que pediu para não ser identificada.
O costureiro boliviano Wilfredo Rodriguez Chambi, 26, foi morto a facadas depois que saiu da casa noturna Trop Mix, localizada na avenida Carlos de Campos.
Um descendente de boliviano, que passava por acaso pelo local, e dois amigos de Wilfredo Chambi também acabaram feridos. Nenhum dos três corre risco de morte, apesar de dois deles (Henry Omar Alvarez, 21, e Jorge Luiz Chambi Calizaya, 23) terem sido atingidos por um facão.
Apenas uma pessoa foi presa pela polícia, o costureiro paraguaio Osvaldo Aguillar Nunez, 20. Aos policiais, ele admitiu que esfaqueou três pessoas, mas que não tinha a intenção de matar.
Seu cunhado, Jorge Sosa, disse à Folha que não sabia do crime. "Sei que essa gangue existe há algum tempo e que incomoda os bolivianos, mas desconhecia a participação do meu cunhado."
De propriedade de uma família boliviana, a boate Trop Mix, onde começou a briga, recebe principalmente imigrantes daquele país.
Nos últimos três anos a casa passou a receber também paraguaios. Discussões por conta da nacionalidade, no entanto, passaram a acirrar os ânimos no local.
Os bolivianos começaram a vetar a entrada de paraguaios. "Eles chamam os bolivianos de "negritos" o tempo inteiro. Acham que são mais do que nós", disse o operador de telemarketing Augusto Alejandro Sanchez, 20, uma das vítimas do grupo.
A polícia diz desconhecer a existência da gangue, mas que é comum brigas no local. "Nunca ouvi falar de morte, mas esse lugar já trouxe vários problemas", disse o delegado Éder Silva, do 12º DP.
A Folha não encontrou a dona da Trop Mix ontem.


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