AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 85 mil médicos escolhem amanhã e depois a nova diretoria do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Outros 90 mil profissionais de 25 Estados e do Distrito Federal também elegem seus conselhos pelos próximos cinco anos.
São Paulo tem o recorde histórico de oito chapas. Vinte outros Estados têm mais de um grupo concorrente -o Rio tem quatro-, quando a tradição era de chapa única.
A fragmentação reflete a crise da categoria e a divisão entre os médicos -que não conseguiram se juntar numa oposição.
Todas as chapas que concorrem no Estado de São Paulo falam em resgatar a imagem do profissional, que estaria corroída por baixos salários, falta de condições de trabalho e subordinação aos planos de saúde.
"O Cremesp não teve a capacidade de evitar que a realidade profissional e a imagem do médico piorassem nesses dez anos", diz, por exemplo, o texto de apresentação da chapa 2.
A nota da chapa 3 defende que "a classe médica está menosprezada, aviltada, e os seus componentes, desiludidos".
A chapa 6 informa em sua nota que o "Cremesp encontra-se tão doente quanto a medicina que está a seus cuidados".

Punições
Pelo menos três chapas criticam as "cobranças e punições" feitas de "forma inquisitorial" pelo Cremesp. A chapa 1 pede que "todos os procedimentos disciplinares ou administrativos com mais de cinco anos" sejam extintos e que as punições sejam publicadas apenas no jornal do CRM e no "Diário Oficial" do Estado.
"O conselho é um órgão que fiscaliza e julga. Sem essas funções, será melhor extingui-lo", diz Regina Ribeiro Parizi Carvalho, médica sanitarista, eleita nas duas últimas gestões e que ocupou a presidência por três períodos que somaram 20 meses. "O CRM é um tribunal ético, e isso não agrada a grupos corporativistas", afirma. "Não é prerrogativa do conselho negociar salários nem honorário, mas estamos participando com pesquisas e denúncias das condições de trabalho", diz Parizi.
Cada chapa tem 40 conselheiros que em seguida decidirão quem ocupará a diretoria. Pela primeira vez, em São Paulo, as eleições serão por urnas eletrônicas, 50 delas distribuídas em 40 postos na capital. Os médicos do interior já estão votando via correio. Os votos, obrigatórios, serão abertos no dia 21. "As chapas receberam espaços iguais no jornal e no site do Cremesp", diz Adgmar Andriolo, presidente da comissão eleitoral.
Os membros da atual gestão, que se candidataram, estão espalhados por quatro chapas, 17 na 4, 8 na 7, 3 na 8 e 1 membro na 2.
"A chapa surgiu da união dos presidentes do CRM, da Associação Paulista de Medicina, Academia de Medicina de São Paulo, Associação Médica Brasileira e Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo", diz a nota de apresentação da chapa 4. É o grupo que representa a posição atual da entidade.