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VIOLÊNCIA
Seqüestro ocorreu na rua onde mora o secretário de Segurança Pública de SP; família pagou R$ 12 mil de resgate
Estudante é solto após 15 dias de cativeiro
FABIO SCHIVARTCHE
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudante de 14 anos de um
dos colégios particulares mais tradicionais de São Paulo foi libertado na madrugada de ontem depois de ficar 15 dias seqüestrado.
Ele foi levado pelos criminosos no
dia 3 de agosto, quando caminhava na rua onde mora, a caminho
do Colégio Santa Cruz.
A rua onde vive a família da vítima, em Alto de Pinheiros, bairro
nobre da zona oeste da capital
paulista, é a mesma onde mora
Saulo de Castro Abreu Filho, secretário de Estado da Segurança
Pública, que recebe proteção policial durante 24 horas por dia.
A libertação dele é a segunda
envolvendo estudantes paulistanos em menos de duas semanas.
O caso mais recente havia sido de
uma menina de 12 anos, aluna do
colégio Dante Alighieri, que foi libertada pela Polícia Civil no último dia 6, depois
de ficar como refém durante 70
dias.
O adolescente
que estuda no
Santa Cruz, segundo vizinhos
dele ouvidos pela
Folha, foi abordado pela manhã.
Ele teria sido surpreendido por
dois homens que
estavam em um
Corsa preto e
obrigado a entrar
no veículo.
O estudante foi
libertado por volta
das 3h de ontem,
na favela do Sapo,
na zona oeste, nas proximidades
da divisa de São Paulo com Taboão da Serra (região metropolitana). De lá, ele teve de pegar um
táxi para voltar para casa.
Os policiais que participam da
investigação foram proibidos pela
Secretaria da Segurança Pública
de dar informações. A ordem da
pasta é para que não haja vazamento dos detalhes enquanto os
criminosos não forem presos.
"Estamos na pista dos criminosos. Vamos pegá-los, com certeza", afirmou Godofredo Bittencourt, diretor do Deic (Departamento de Investigações Sobre o
Crime Organizado).
Resgate
A Folha apurou que os criminosos pediram R$ 1 milhão à família
da vítima. Depois das negociações, aceitaram R$ 12 mil, valor
que acabou sendo pago. Essa redução drástica em um curto período de tempo é um indício, segundo alguns investigadores, de
que os seqüestradores provavelmente não são profissionais.
"Está havendo uma banalização
desse crime em São Paulo. Mas
nosso recado é claro: quem seqüestrar vai para a cadeia ou para
o IML [Instituto Médico Legal]",
declarou ontem Bittencourt.
O garoto, conforme relato da
polícia, disse não ter sido maltratado fisicamente no período em
que ficou no cativeiro. O pai dele é
dono de uma empresa de consultoria. A Folha não divulga os nomes dos parentes e da vítima por
não ter autorização da família.
A distância da
casa do estudante
até a primeira
portaria do colégio é de aproximadamente 400
metros. A rua,
bastante arborizada, além de ter
rondas periódicas
da polícia, também é protegida
por empresas de
vigilância privada,
pagas por alguns
moradores.
Segundo Genivaldo de Souza,
segurança de uma
residência a 20
metros da do garoto seqüestrado,
ele costumava ir a pé diariamente
ao colégio. O irmão dele, de 15
anos, que estuda na mesma escola, também tinha esse hábito.
A abordagem dos criminosos
foi feita em frente a uma praça onde, naquele horário, moradores
do bairro estão acostumados a
correr e a fazer caminhadas.
Questionado ontem sobre o fato
de o aluno do Santa Cruz ter sido
seqüestrado na rua de sua residência, o secretário Abreu Filho
afirmou: "Minha rua não é blindada. Acontecem crimes."
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