São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

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HABITAÇÃO

Grupo despejado de prédio se recusa a ir para alojamento e fica na rua

Alckmin recua e não dará mais hotel a desabrigados

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado não cumpriu a promessa de alojar em hotéis os sem-teto despejados de um prédio invadido na rua Plínio Ramos, na região da Luz (centro de São Paulo). A reintegração de posse do imóvel, onde moravam cerca de 70 famílias, foi feita na última terça-feira. Os sem-teto são ligados ao MMRC (Movimento de Moradia da Região Centro).
Depois do despejo, o grupo montou um acampamento improvisado na calçada, com banheiro, fogão e televisão.
A transferência dos sem-teto para hotéis, anunciada anteontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi confirmada em nota à imprensa enviada pela assessoria do governo.
Ao abordar a situação dos moradores, o texto dizia "a partir de amanhã (dia 18), [os moradores] serão encaminhadas para hotéis na capital". Em nova nota divulgada ontem, o governo não explica por que descartou os hotéis. Procurada, a assessoria de Alckmin também não soube informar o motivo da mudança.
Na noite de ontem, cerca de 43 famílias remanescentes da ocupação permaneciam na calçada em frente ao prédio desocupado. Elas se alimentavam com a ajuda de doações. O governo ofereceu a opção de levá-las para um centro poliesportivo na Água Branca (zona oeste), onde poderiam ficar por tempo indeterminado, como informou a assessoria do governo. Segundo a assessoria, o local tem capacidade para 400 pessoas.
Ainda conforme a assessoria, o Estado ampliou um convênio com a prefeitura para que as famílias tenham atendimento em abrigos temporários da cidade.

Recusa
Em assembléia realizada à noite, os sem-teto decidiram recusar a proposta do governo. "As famílias não querem sair daqui sem garantia nenhuma. Até agora, nada de hotel. O governo só diz que vai mandar a gente para alojamento, mas não sabemos quanto tempo poderemos ficar lá", disse um dos coordenadores do movimento, Fernando Oliveira.
Durante a operação de reintegração de posse, policiais militares e os sem-teto entrarem em confronto. A PM usou spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os moradores. Os sem-teto reagiram atirando pedaços de madeira e pedras nos policiais.
Vinte e cinco pessoas ficaram feridas na operação, incluindo PMs e moradores.


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