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HABITAÇÃO
Grupo despejado de prédio se recusa a ir para alojamento e fica na rua
Alckmin recua e não dará
mais hotel a desabrigados
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado não cumpriu a promessa de alojar em hotéis os sem-teto despejados de um
prédio invadido na rua Plínio Ramos, na região da Luz (centro de
São Paulo). A reintegração de
posse do imóvel, onde moravam
cerca de 70 famílias, foi feita na última terça-feira. Os sem-teto são
ligados ao MMRC (Movimento
de Moradia da Região Centro).
Depois do despejo, o grupo
montou um acampamento improvisado na calçada, com banheiro, fogão e televisão.
A transferência dos sem-teto
para hotéis, anunciada anteontem pelo governador Geraldo
Alckmin (PSDB), foi confirmada
em nota à imprensa enviada pela
assessoria do governo.
Ao abordar a situação dos moradores, o texto dizia "a partir de
amanhã (dia 18), [os moradores]
serão encaminhadas para hotéis
na capital". Em nova nota divulgada ontem, o governo não explica por que descartou os hotéis.
Procurada, a assessoria de Alckmin também não soube informar
o motivo da mudança.
Na noite de ontem, cerca de 43
famílias remanescentes da ocupação permaneciam na calçada em
frente ao prédio desocupado. Elas
se alimentavam com a ajuda de
doações. O governo ofereceu a
opção de levá-las para um centro
poliesportivo na Água Branca
(zona oeste), onde poderiam ficar
por tempo indeterminado, como
informou a assessoria do governo. Segundo a assessoria, o local
tem capacidade para 400 pessoas.
Ainda conforme a assessoria, o
Estado ampliou um convênio
com a prefeitura para que as famílias tenham atendimento em abrigos temporários da cidade.
Recusa
Em assembléia realizada à noite,
os sem-teto decidiram recusar a
proposta do governo. "As famílias
não querem sair daqui sem garantia nenhuma. Até agora, nada de
hotel. O governo só diz que vai
mandar a gente para alojamento,
mas não sabemos quanto tempo
poderemos ficar lá", disse um dos
coordenadores do movimento,
Fernando Oliveira.
Durante a operação de reintegração de posse, policiais militares e os sem-teto entrarem em
confronto. A PM usou spray de
pimenta, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para
dispersar os moradores. Os sem-teto reagiram atirando pedaços
de madeira e pedras nos policiais.
Vinte e cinco pessoas ficaram
feridas na operação, incluindo
PMs e moradores.
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