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Foco
Ruas com nomes literários dão ar de ficção a pequeno
bairro do Rio de Janeiro
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
José Carlos Vasconcellos,
55, mora e trabalha na rua
Estrela da Manhã, esquina
com Escrava Isaura. "O pessoal de fora estranha muito
quando falo os nomes, mas
eu gosto", diz ele, dono de
uma lanchonete.
O comerciante é um dos
cerca de 2.000 moradores do
Jardim Clarice, pequeno
bairro dentro de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.
Quando a área começou a ser
urbanizada, há 30 anos, o então prefeito Marcos Tamoyo
resolveu atender a uma sugestão feita pelo poeta Carlos Drummond de Andrade:
dar nomes de obras literárias
a logradouros públicos.
Nasceram, então, as ruas
Dom Casmurro (Machado
de Assis), Dona Flor (Jorge
Amado), Encontro Marcado
(Fernando Sabino), Escrava
Isaura (Bernardo Guimarães), Estrela da Manhã
(Manuel Bandeira) e O Tempo e O Vento (Erico Veríssimo), entre outras.
"Adoro dizer que moro na
rua O Tempo e O Vento.
Nem sei quem escreveu o livro, mas é um nome lindo,
romântico", diz a pensionista Sônia Silveira, 61, ao lado
da neta Caroline Rocha, 7.
Até a escola municipal tem
nome de escritor, embora
francês: Victor Hugo. A entrada fica na Dom Casmurro,
e os fundos, na Escrava Isaura. Há moradores que dizem
que o lugar se chama Jardim
Clarice em referência a Clarice Lispector, mas os registros da prefeitura contam
outra história: teria sido uma
homenagem de Adolfo Basbaun, dono das Lojas Brasileiras e responsável pela
construção de casas no local,
à sua mulher.
"O problema é quando tenho que abrir um crediário.
Vão procurar o nome no guia
de ruas, porque acham que
estou querendo dar um golpe", conta o terapeuta corporal Carlos Maurício Torres,
41, morador da Borboleta
Amarela.
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