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"Sobra" área ao lado do parque Ibirapuera
Terreno de 120 mil m2, avaliado em R$ 250 milhões, tem grandes partes vazias, mas Exército diz que local é totalmente utilizado
Área "abrigava unidades militares, mas os prédios foram demolidos para a implantação de colégio cujo projeto nunca saiu do papel
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma área de 120 mil m2, que
fazia parte do traçado original
do parque Ibirapuera, é utilizada apenas em parte pelo Exército. Se fosse incorporada ao
parque, significaria um aumento de 8% -equivaleria também
a dar um parque da Aclimação,
de 112 mil m2, ao bairro.
O terreno, doado pelo governo do Estado à União em 7 de
dezembro de 1942, é avaliado
em cerca de R$ 250 milhões.
A Prefeitura de São Paulo estuda ampliar o Ibirapuera, que
recebe 200 mil pessoas nos finais de semana, mas afirma
não estar negociando essa área.
"Não há conversas com o Exército nesse sentido", diz o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Para o Comando Militar do
Sudeste, que ocupa o terreno, a
área é totalmente utilizada. O
coronel César Augusto Moura,
chefe da comunicação social do
Comando Militar do Sudeste,
afirma que estão sendo construídas novas instalações no local.
Até 1996, o local abrigava diversas unidades militares, com
cerca de 2.500 homens, mas foi
desocupado para a construção
do Colégio Militar de São Paulo, que nunca saiu do papel.
A criação do colégio partiu de
um acordo entre o então prefeito, o hoje deputado federal
Paulo Maluf (PP), com o Comando do Exército.
Os prédios foram derrubados, e as árvores, arrancadas.
Restou um terreno vazio.
A prefeitura entraria com o
dinheiro, R$ 120 milhões, e o
Exército, com a área. O arquiteto Fernando Cals fez um projeto para o colégio, que teria
4.000 alunos, mas o ex-prefeito
Celso Pitta desistiu da obra.
No início do ano 2000, o
Exército lançou o projeto do
Forte Ibirapuera, com instalações militares e residenciais,
para reocupar o terreno, em
um investimento de cerca de
R$ 40 milhões.
Até hoje, o projeto continua
em obras. A construção de mais
destaque é um condomínio de
seis andares para os generais,
que ocupa cerca de 10% da área
total do terreno.
Vista privilegiada
O prédio tem apartamentos
de 250 m2, com um dúplex na
cobertura com piscina. Quem
mora no edifício, além da excelente localização, desfruta de
uma visão privilegiada: todo
avarandado, de frente para o
Ibirapuera, e bem distante do
ruído das ruas.
Os generais pagam até 10%
do salário-base como aluguel.
Um general-de-exército, mais
alto posto dos oficiais baseados
em São Paulo, recebe R$ 6.156
de salário bruto, além de gratificações, que variam.
Para morar na região, o cidadão comum paga bem mais.
Imobiliárias alugam um apartamento de alto luxo na rua Tomaz Carvalhal, com 330 m2, a
R$ 9.300, incluindo o valor do
condomínio. Na rua Rafael de
Barros, o aluguel de um apartamento de 150 m2 de área total
vale R$ 5.900 por mês.
Além do prédio dos generais,
a área abriga um edifício com
quatro torres de 16 andares,
onde moram oficiais de menor
patente e os que estão em São
Paulo provisoriamente.
Cerca de metade da área continua praticamente desocupada, com grama rala, terra, barracões degradados e um campo
de futebol tamanho oficial,
com cerca de 10 mil m2.
A Folha passou dois dias
acompanhando a rotina no local. Às 16h de terça-feira, um
grupo de dez militares fazia
exercícios ao lado do campo de
futebol, que fica bem próximo
às muralhas da rua Tutóia.
Do outro lado, na rua Padre
Manoel da Nóbrega, o corre-corre de soldados era mais em
função das obras do Forte Ibirapuera do que de atividades
próprias dos militares.
Ficam no local os militares
do 2º BPE (Batalhão de Polícia
do Exército), os mesmos que
prestaram serviços durante a
visita do papa Bento 16 ao Brasil, em maio deste ano, mas eles
desempenham mais atividades
externas do que no quartel.
O próprio Exército prepara,
para quando as instalações forem finalizadas, a criação de
uma nova unidade para ocupar
os prédios vazios.
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