São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Prefeitura estuda a ampliação do parque Ibirapuera

Objetivo é recuperar áreas que foram perdidas para órgãos privados e públicos desde a origem do Ibirapuera, em 1905

Dos 3 milhões de metros quadrados originais, há 1,5 milhão; para expansão, prefeitura conta com participação do Estado

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo tem pronto um plano para ampliar o parque Ibirapuera. O objetivo é recuperar áreas que ele foi perdendo desde suas origens, em 1905, para órgãos de governo e entidades particulares: dos 3 milhões de m2 originais, resta 1,5 milhão de m2.
Para isso, conta com a participação do governo do Estado -a idéia de expansão do parque, que já vinha sendo discutida pelo ex-secretário do Meio Ambiente Adriano Diogo (na gestão petista de Marta Suplicy), ganhou corpo durante a passagem do governador José Serra (PSDB) pela prefeitura e foi referendada por seu sucessor e aliado político, o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo elaborou um esboço de possíveis áreas reincorporáveis, ao qual a Folha teve acesso (veja quadro ao lado).
"Apóio o projeto de expansão da área do parque, iniciado pelo Serra. Existem estudos, e alguns pontos já estão definidos, como a incorporação do Detran", diz Kassab.
A idéia é destinar os prédios -hoje voltados à burocracia- a atividades culturais como museus, mais compatíveis com o perfil de um parque.
Assim, as filas e os guichês do Departamento Estadual de Trânsito darão lugar ao acervo do MAC (Museu de Arte Contemporânea), da USP, que deverá se instalar lá assim que o prédio for readaptado.
A desocupação já começou e em julho um decreto de Serra transferiu para a Secretaria da Cultura a administração do prédio, antes a cargo da pasta da Segurança Pública.
Antes, em 2006, a Prodam, empresa ligada à prefeitura, havia deixado o prédio no parque para o MAM (Museu de Arte Moderna). O local também necessita de adaptações.
Outra possível área a ser incorporada pertence à Assembléia Legislativa, que, em 32.450 m2, mantém o prédio principal e um anexo. Um terreno um pouco menor é usado como estacionamento.
Ao deixar a presidência da Assembléia, neste ano, Rodrigo Garcia (DEM) discursou defendendo transferir a Assembléia para o centro da cidade.
Garcia diz que seria uma forma de valorizar o centro e de aproximar os deputados do cotidiano de São Paulo. "O melhor seria criar outras atividades, de cultura e de lazer, naquele local", afirma.
A Folha tentou ouvir o presidente da Assembléia, José Carlos Vaz de Lima (PSDB), mas, segundo assessores, ele estava viajando na sexta-feira e não poderia ser localizado.
Outro terreno, de 22.550 m2, transferido em 1955 ao centro acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, também está sendo avaliado.
Hoje, o centro aluga o local para um estacionamento e uma lanchonete. Segundo a vice-presidente do centro, Veridiana Alimonti, a entidade está disposta a negociar. "Estamos entrando em contato com autoridades para buscar uma solução que possa ser boa para todas as partes", afirma.
Há ainda espaços tombados pelo patrimônio histórico, como o Instituto Biológico, do governo do Estado, mas, segundo técnicos da prefeitura, há formas de dar uso público ao local sem a transferência do órgão.
Em uma das primeiras iniciativas para reincorporar áreas ao parque, a prefeitura tentou, em janeiro de 2006, desalojar o Círculo Militar, um clube poliesportivo, dos 30 mil m2 que usa desde 1957 -embora a cessão oficial pela prefeitura só tenha ocorrido em 1987.
A direção da entidade foi à Justiça e obteve o direito de permanecer no parque. Ao TJ, o clube alegou que o processo de rescisão do contrato de concessão não incluiu o devido direito à ampla defesa.
O contrato expira em 2012. Até lá, o clube continua isento de pagar aluguel ou IPTU pelo terreno.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)


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