São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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MATTEO DANILO GRIMALDI (1926-2008)

O banco mantinha "seu Cachimbo" aceso

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Por anos manteve pendurado na boca o aparato que lhe deu, entre os amigos, o apelido de "seu Cachimbo". Ganhou não só a alcunha, como também um pigarro insistente que logo preocupou o filho. Levado ao otorrinolaringologista, constatou-se um câncer na garganta.
No último ano, Matteo Danilo Grimaldi travou luta ferrenha contra a doença. Chegou, ao final da batalha, aos 56 kg. De início, pesava 84 kg.
O pai, Attilio Grimaldi, ex-zagueiro do Palestra Itália de 1916 a 1924, presenteou-lhe com o nome do avô, mas não passou adiante o dom para o futebol. Matteo foi contador.
Começou como mensageiro (office-boy) no Banco Auxiliar, em 1942. Três anos depois, formou-se numa escola técnica de contadores chamada Brasil. Nos 43 anos em que trabalhou no banco, chegou a diretor da empresa.
Foi ainda vice-cônsul de Senegal no Brasil, como lembra o filho. Dizia que, naquele país, era costume atirar objetos nos estrangeiros com o objetivo de vendê-los. Certa vez, enfrentou uma chuva de galinhas. Não as comprou.
Em 1983, perdeu um filho assassinado. Em 1985, às vésperas do Plano Cruzado, o banco Auxiliar foi liquidado. Com uma magra aposentadoria -diz o filho-, e tendo que se desfazer dos bens para pagar as contas -como o sítio em Valinhos (SP), que amava-, caiu em depressão.
Morreu na sexta-feira, derrotado pelo câncer, aos 81, em São Paulo. Deixou dois filhos e quatro netos.

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