São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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MEC manda Unip regularizar carga horária do curso de enfermagem

Segundo o ministério, alunos de SP têm tido 3.200 horas de aula, em vez das 3.500 previstas

Reitor nega o problema e critica o MEC por não comunicá-lo sobre o que foi concluído na investigação

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Investigação do Ministério da Educação verificou que o curso de enfermagem da Unip, a maior universidade do país, não cumpre a carga horária exigida. A conclusão deve ser publicada hoje no "Diário Oficial da União".
A Secretaria de Ensino Superior determinou que a escola tem até 30 de outubro para regularizar a situação.
Segundo a apuração, restrita a São Paulo, os estudantes têm cerca de 10% menos aulas do que o mínimo previsto -deveriam ser 3.500 horas ao final do curso, mas a escola oferece apenas 3.200. Quanto menor a carga, menores os gastos da escola.
As 300 horas de diferença significam 75 dias a menos de aula ao final do curso, considerando quatro horas de atividades ao dia. Na capital, a Unip tem 2.850 alunos na enfermagem, segundo o último censo divulgado.
O reitor da universidade, João Carlos Di Gênio, contesta a apuração do ministério. Procurado pela Folha, ele se disse surpreso com o despacho. Disse que o curso tem a carga horária regular e critica a pasta por divulgar o resultado da investigação antes de comunicar a instituição.
O ministério fez avaliação "in loco" na universidade, em abril, após denúncia. A escola disse inicialmente que a carga horária estava correta, mas o sistema eletrônico a computou errado -posição não aceita pela pasta.
Apesar de apontar o problema, o MEC não deverá obrigar que os já formados tenham de repor as aulas.

CARGA HORÁRIA
Professores do curso ouvidos pela reportagem nas duas últimas semanas afirmam que o problema começou em 2005 -e aparece em todos os campi da escola.
Àquela época, havia a expectativa de que a carga da enfermagem fosse reduzida, o que não se concretizou.
Duas ex-coordenadoras de curso, responsáveis por algumas das diversas unidades, disseram que, no início do ano de 2009, a emissão dos históricos escolares chegou a ser suspensa, pois nos documentos constava a carga horária inferior (3.200 horas).
Alguns dias depois, o documento voltou a ser entregue aos alunos, mas com carga horária de 3.500 horas.
O caso foi confirmado à Folha por uma ex-estudante, que, assim como os três professores entrevistados, não quis se identificar.
"Nem sabia do problema. Distribuí currículo para encontrar emprego e ninguém me ligou. Talvez tenham visto que havia algo estranho", disse ela, que afirma só ter descoberto que a carga horária era inferior ao reencontrar uma ex-docente.


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