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MEC manda Unip regularizar carga horária do curso de enfermagem
Segundo o ministério, alunos de SP têm tido 3.200 horas de aula, em vez das 3.500 previstas
Reitor nega o problema e critica o MEC por não comunicá-lo sobre
o que foi concluído
na investigação
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Investigação do Ministério
da Educação verificou que o
curso de enfermagem da
Unip, a maior universidade
do país, não cumpre a carga
horária exigida. A conclusão
deve ser publicada hoje no
"Diário Oficial da União".
A Secretaria de Ensino Superior determinou que a escola tem até 30 de outubro
para regularizar a situação.
Segundo a apuração, restrita a São Paulo, os estudantes têm cerca de 10% menos
aulas do que o mínimo previsto -deveriam ser 3.500
horas ao final do curso, mas a
escola oferece apenas 3.200.
Quanto menor a carga, menores os gastos da escola.
As 300 horas de diferença
significam 75 dias a menos
de aula ao final do curso,
considerando quatro horas
de atividades ao dia. Na capital, a Unip tem 2.850 alunos
na enfermagem, segundo o
último censo divulgado.
O reitor da universidade,
João Carlos Di Gênio, contesta a apuração do ministério.
Procurado pela Folha, ele se
disse surpreso com o despacho. Disse que o curso tem a
carga horária regular e critica
a pasta por divulgar o resultado da investigação antes de
comunicar a instituição.
O ministério fez avaliação
"in loco" na universidade,
em abril, após denúncia. A
escola disse inicialmente que
a carga horária estava correta, mas o sistema eletrônico a
computou errado -posição
não aceita pela pasta.
Apesar de apontar o problema, o MEC não deverá
obrigar que os já formados tenham de repor as aulas.
CARGA HORÁRIA
Professores do curso ouvidos pela reportagem nas
duas últimas semanas afirmam que o problema começou em 2005 -e aparece em
todos os campi da escola.
Àquela época, havia a expectativa de que a carga da
enfermagem fosse reduzida,
o que não se concretizou.
Duas ex-coordenadoras de
curso, responsáveis por algumas das diversas unidades,
disseram que, no início do
ano de 2009, a emissão dos
históricos escolares chegou a
ser suspensa, pois nos documentos constava a carga horária inferior (3.200 horas).
Alguns dias depois, o documento voltou a ser entregue aos alunos, mas com carga horária de 3.500 horas.
O caso foi confirmado à
Folha por uma ex-estudante, que, assim como os três
professores entrevistados,
não quis se identificar.
"Nem sabia do problema.
Distribuí currículo para encontrar emprego e ninguém
me ligou. Talvez tenham visto que havia algo estranho",
disse ela, que afirma só ter
descoberto que a carga horária era inferior ao reencontrar uma ex-docente.
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