São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2004

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NATUREZA EM RISCO

Bairro do Pacaembu será o primeiro a participar de programa; para secretário, problema é de saúde pública

Estudo irá mapear infestação de cupins

DA REPORTAGEM LOCAL

Contida, até agora, apenas com ações pontuais, a infestação de cupins subterrâneos em São Paulo será alvo de um estudo que diagnosticará a extensão do problema na cidade.
O projeto-piloto será lançado na próxima terça-feira, Dia da Árvore, com foco no bairro do Pacaembu (zona oeste). Depois da primeira fase, prevista para durar seis meses, o trabalho, desenvolvido pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) em parceria com a prefeitura, será estendido aos demais bairros.
O Pacaembu foi escolhido para os primeiros testes por já ter encaminhado um pedido à prefeitura pedindo uma solução para a infestação nessa área.
"O cupim se tornou um problema de saúde pública", afirma o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo. Ainda assim, o combate à praga não é feito de forma articulada na cidade, e sim centrado em solicitações específicas da população.
A intenção, de acordo com a coordenadora do projeto, Ligia Romagnano, é levar as diretrizes para controle da praga até a esfera legislativa, por meio da regulamentação do uso de madeira na construção civil.
"Queremos descobrir as condições que favorecem a presença dos cupins para fazer um trabalho preventivo, principalmente nas áreas de expansão da cidade. E dar suporte técnico para que, ao construir ou comprar um imóvel, a pessoa saiba se pode ter problemas [com esses insetos]", afirma a pesquisadora.
Os cupins aparecem como o principal fator de risco na queda de árvores pela operação Árvore Saudável. O que complica a situação é o fato, constatado na pesquisa, de que as três espécies mais comuns nas regiões pesquisadas (tipuana, sibipiruna e alfeneiro) são extremamente vulneráveis à ação desses insetos, ao contrário, por exemplo, do alecrim.
Mais de 30% das árvores dessas três espécies está infestada por cupins, de acordo com resultados preliminares do estudo.

Imóveis nos Jardins
As edificações também têm sido atacadas. Um levantamento feito por Romagnano com base nos pedidos de descupinização feitos ao IPT ao longo dos últimos dez anos mostra que, dos 96 distritos da cidade, 45 registraram ataques dos insetos em imóveis -a maioria próxima a regiões centrais da cidade. Dependendo do tipo de cupim, as colônias podem durar mais de 15 anos e congregar milhões de insetos.
A região dos Jardins foi a que demonstrou ter mais problemas: foram 96 casos -18% do total, seguida pela Vila Mariana (10%), Consolação e Perdizes (ambas com 7%). Como os dados se referem apenas aos registros comunicados ao IPT, o problema pode ser bem maior, afirma Romagnano, que coordena o projeto-piloto no Pacaembu.
O levantamento que será feito considerará as infestações em árvores e imóveis. (AMARÍLIS LAGE)


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