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SAÚDE
Campanha alerta mulheres sobre o risco de doenças cardiovasculares, a principal causa de morte feminina
Coração mata mais que o câncer da mama
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de mortes por problemas cardiovasculares em mulheres é seis vezes maior do que os
provocados pelo câncer da mama. Porém, é mais comum a mulher se preocupar com a possibilidade de desenvolver um tumor
no seio do que com o risco de sofrer um infarto ou um acidente
vascular cerebral (AVC).
"Ela chega preocupada com a
dor mamária, mas não liga para o
fato de ser fumante e fazer uso de
anticoncepcional ou de estar com
o colesterol alto", afirma a ginecologista Cláudia Gazzo, do Hospital do Servidor Público Estadual.
A combinação do anticoncepcional com o consumo de mais de 15
cigarros por dia aumenta 20 vezes
o risco de doença cardiovascular.
Uma das hipóteses que explicariam essa maior sensibilidade da
mulher em relação ao câncer de
mama seriam as campanhas de
prevenção da doença que acontecem há mais de dez anos no país.
Agora é a vez de os cardiologistas usarem a mesma estratégia para alertar o público feminino sobre os fatores de risco que levam
às doenças cardiovasculares, a
principal causa de morte entre as
mulheres acima de 35 anos. Ontem, foi lançada a campanha Coração de Mulher, feita pela Pfizer
com apoio científico da Sociedade
Brasileira de Cardiologista.
"Não queremos que a mulher
deixe de se preocupar com a mama, mas sim que cuide também
do coração", afirma o cardiologista Otávio Rizzi Coelho, presidente
da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) e
professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Nessa cruzada, o papel do ginecologista, o médico mais consultado pelas mulheres na vida adulta, é fundamental. Na avaliação de
Coelho, a medição da pressão arterial, o pedido de exames que
avaliem o colesterol e a diabetes e
o alerta para os perigos do tabagismo devem fazer parte de todas
as consultas ginecológicas de mulheres acima de 45 anos.
Para o cardiologista, é importante que, na falta de informações
sobre as doenças cardiovasculares, o ginecologista encaminhe a
paciente a um cardiologista. "Um
especialista em reprodução assistida não é obrigado a saber qual o
melhor remédio para a hipertensão, por exemplo", explica.
Segundo Cláudia Gazzo, já faz
parte da cultura do ginecologista
medir a pressão arterial da paciente e avaliar, por exemplo, se
determinada pílula anticoncepcional ou terapia de reposição
hormonal está mudando o perfil
de colesterol da paciente ou alterando os níveis de pressão.
Na opinião do presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia,
Antonio Felipe Simão, além do ginecologista, todos os outros especialistas devem ficar alertas aos fatores de risco cardiovascular da
mulher e orientá-la para a mudança de hábitos (parar de fumar
e controlar o peso, por exemplo).
Desde 1984, a taxa anual de
mortalidade por doenças cardíacas no Brasil é maior em mulheres
do que em homens. Elas também
são mais prejudicadas no diagnóstico desses problemas.
Há pesquisas que mostram que
cerca de 63% das mulheres que
morrem de doenças cardíacas
apresentavam sintomas atípicos,
o que dificultou o diagnóstico e
piorou as chances de sobrevivência e recuperação.
Em um infarto, por exemplo,
enquanto os homens apresentam
fortes dores no peito e falta de ar,
as mulheres sentem náusea, dor
abdominal e mal-estar geral, segundo Antonio Simão.
Campanha
A campanha Coração de Mulher terá apresentações de grupos
performáticos, que vão chamar a
atenção das mulheres sobre os riscos cardiovasculares em parques,
shoppings e clubes da cidade.
Nesses locais, serão montados
quiosques e tendas, onde agentes
de saúde vão alertar as mulheres
sobre a importância de controlar
o colesterol e a pressão arterial,
coisa que muitas cobram de seus
parceiros e parentes, mas não fazem por si mesmas.
Será exibido um vídeo com a
participação da atriz Christiane
Torloni, "musa" da campanha,
sobre a alta incidência de doenças
cardiovasculares em mulheres,
lembrando que o problema mata
mais que o câncer da mama.(CLÁUDIA COLLUCCI)
Serviço:
http://www.coracaodemulher.com.br
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