São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2006

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Faixa para motos na Sumaré estréia com atropelamentos

L.C. Leite/Folha Imagem
Cavaletes colocadas no canteiro central após os acidentes


Três pessoas ficaram feridas; CET colocou cavaletes no canteiro central após acidentes

Motociclistas aderiram à nova faixa, já apelidada de motovia, e defendem expansão da medida para outras avenidas de São Paulo

MARIANA TAMARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Três pessoas ficaram feridas em dois acidentes envolvendo motos e pedestres na estréia, ontem, do polêmico projeto piloto que institui faixas exclusivas para motocicletas na avenida Sumaré, uma das mais importantes vias da região oeste de São Paulo.
Só depois dos acidentes, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) colocou cavaletes e fitas no canteiro central da avenida para forçar a travessia exclusivamente pela faixa de pedestres. Não se sabe por quanto tempo a sinalização será mantida. Além disso, serão instalados dois radares para coibir eventuais excessos de velocidade das motocicletas.
Os atropelamentos de ontem surpreenderam os técnicos da CET. Em todo o ano passado, dos 46 acidentes com vítimas que aconteceram na mesma avenida, apenas oito envolveram motos -sendo que dois resultaram em mortes.
Os acidentes aconteceram num intervalo de 40 minutos -o primeiro foi por volta das 14h50, próximo ao número 425 da avenida. O segundo, foi quase no mesmo local: no número 612. Em ambos os casos, os pedestres atravessaram a via fora da faixa de pedestres, da calçada para o canteiro central, próximo a pontos de ônibus.
Para a CET, os pedestres foram os culpados pelos atropelamentos. "Foi uma coincidência [os acidentes]. Os motociclistas não estão trafegando em alta velocidade. Todos os pontos de travessia na Sumaré têm pessoal nosso dando orientações, mas as pessoas insistem em atravessar fora da faixa", disse Fernando Serra, gestor de trânsito da CET.

Polêmica
A faixa exclusiva da avenida Sumaré, já apelidada de motovia, foi elogiada pelos motociclistas e criticada pelos motoristas. Isso porque os carros não podem invadir a pista, sob pena de multa de R$ 127 e perda de cinco pontos na carteira de habilitação.
Já os motociclistas podem circular livremente por toda a avenida. Ontem, porém, a maioria acabou optando por circular pela nova pista.
Para Aldemir de Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Motociclistas do Estado de São Paulo, "a iniciativa vem ao encontro de uma reivindicação nossa de seis anos atrás, que já pedia essa faixa. Mas nós queremos que ela seja implementada na 23 de maio, na Radial Leste, marginais".
A Sumaré foi escolhida para testar a faixa justamente por ter baixa circulação de motos -são cerca de 300 por hora nos horários de pico, contra 1.500 na avenida 23 de Maio, por exemplo. A velocidade máxima na avenida diminuiu de 70 km/h para 60 km/h.
Márcia Fernandes, 44, psicóloga, caminha todos os dias no canteiro central da Sumaré e não acredita que a instalação da nova pista terá efeito positivo. "Os motoqueiros não respeitam a faixa, eles vão para todos os lados, entram no meio dos carros de todo jeito. Se juntar muito motoqueiro nessa faixinha, eles vão querer desviar. Eles querem ir rápido", afirmou ela.
Ana Lenina, 32, publicitária, acredita que o projeto pode ser bom, pois aumenta a segurança de motoristas e motociclistas. "Mas os motoqueiros têm que respeitar a sua faixa, ou isso não vai servir de nada", disse.

Projeto piloto
O corredor de motos vai ser avaliado por seis meses na avenida Sumaré. A Secretaria Municipal de Transportes ainda não sabe se o modelo será estendido a outras vias.
"Essa não é uma medida possível de se imaginar para qualquer via", afirmou o secretário da pasta, Frederico Bussinger.
O presidente da CET, Roberto Scaringella, é mais otimista quando o assunto é a expansão do projeto. "Nós temos 500 km de corredores de tráfico intenso que monitoramos diretamente. Na realidade, todos eles são candidatos a ter a faixa [preferencial]."


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