São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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Após queda durante o Pan, violência aumenta no Rio

Números prévios de crimes no Estado apontam que total de roubos subiu 12,4%

Para especialistas, aumento dos crimes era previsível e foi provocado pela diminuição do policiamento ostensivo depois dos Jogos

DA SUCURSAL DO RIO

Após cair em julho, mês do Pan-Americano, os índices de criminalidade do Estado do Rio -principalmente os "crimes de rua", como furto a veículos e roubos- voltaram em agosto ao patamar pré-Jogos, em junho. Os dados preliminares da violência no Estado foram divulgados pelo ISP (Instituto de Segurança Pública).
Os casos de roubos a pedestres, de veículos e em coletivos subiram em agosto após queda significativa no mês do Pan (veja quadro nesta página).
Para especialistas ouvidos pela Folha, o movimento era esperado, em razão da queda do policiamento ostensivo nas ruas. A Secretaria de Segurança não quis comentar os dados.
Os dados dos três últimos meses divulgados pelo ISP são preliminares. O órgão publicou apenas os índices das delegacias legais (informatizadas) que representam, segundo o instituto, 67% das ocorrências no Estado e 85% na capital. Segundo o ISP, houve problemas na digitação dos dados das delegacias não-informatizadas.
O total de roubos no Estado, por exemplo, caiu 11,2% de junho para julho. Este tipo de registro subiu 12,4% no mês passado, em comparação com o mês do Pan.
"Julho foi atípico. Mas precisamos dos dados de mais dois meses para verificar se [a volta ao patamar antes do Pan] é de fato uma tendência", disse a diretora-presidente do ISP, Ana Paula de Miranda.
O Rio contou com a presença de cerca de 4.000 agentes da Força Nacional de Segurança durante os Jogos.
Para o coordenador do Núcleo de Estudos de Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Michel Misse, a queda nos índices de criminalidade foi "conjuntural".
"Antes do Pan, a polícia invadiu o Complexo do Alemão de forma violenta. Provocou uma retração conjuntural em vez de ser estrutural. As políticas públicas foram aplicadas em um momento. (...) Após toda a operação, o crime volta e de forma contundente."
Segundo a coordenadora do Núcleo de Estudos de Criminologia e Direitos Humanos da UFF (Universidade Federal Fluminense), Edna Del Pomo, o retorno dos casos dos chamados crimes de rua aos patamares anteriores ao Pan é reflexo de uma política que só funciona "de forma momentânea".
"Vai voltar sempre [aos índices normais], era esperado. Esse policiamento ostensivo não é política criminal, é uma ação momentânea, de impacto."
De fato, os números do ISP mostram que o aumento de policiamento no Pan foi proporcional à diminuição de crimes.
Na Barra da Tijuca (zona oeste), onde o efetivo policial foi o mais reforçado da cidade pela proximidade com locais de competição, o número de roubos caiu de 215 em junho para 171 em julho, mas subiu para 231 casos em agosto, quando o efetivo se normalizou.
(ITALO NOGUEIRA, MÁRCIA BRASIL E LUISA BELCHIOR)


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