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Após queda durante o Pan, violência aumenta no Rio
Números prévios de crimes no Estado apontam que total de roubos subiu 12,4%
Para especialistas, aumento dos crimes era previsível e foi provocado pela diminuição do policiamento ostensivo depois dos Jogos
DA SUCURSAL DO RIO
Após cair em julho, mês do
Pan-Americano, os índices de
criminalidade do Estado do Rio
-principalmente os "crimes de
rua", como furto a veículos e
roubos- voltaram em agosto
ao patamar pré-Jogos, em junho. Os dados preliminares da
violência no Estado foram divulgados pelo ISP (Instituto de
Segurança Pública).
Os casos de roubos a pedestres, de veículos e em coletivos
subiram em agosto após queda
significativa no mês do Pan (veja quadro nesta página).
Para especialistas ouvidos
pela Folha, o movimento era
esperado, em razão da queda
do policiamento ostensivo nas
ruas. A Secretaria de Segurança
não quis comentar os dados.
Os dados dos três últimos
meses divulgados pelo ISP são
preliminares. O órgão publicou
apenas os índices das delegacias legais (informatizadas)
que representam, segundo o
instituto, 67% das ocorrências
no Estado e 85% na capital. Segundo o ISP, houve problemas
na digitação dos dados das delegacias não-informatizadas.
O total de roubos no Estado,
por exemplo, caiu 11,2% de junho para julho. Este tipo de registro subiu 12,4% no mês passado, em comparação com o
mês do Pan.
"Julho foi atípico. Mas precisamos dos dados de mais dois
meses para verificar se [a volta
ao patamar antes do Pan] é de
fato uma tendência", disse a diretora-presidente do ISP, Ana
Paula de Miranda.
O Rio contou com a presença
de cerca de 4.000 agentes da
Força Nacional de Segurança
durante os Jogos.
Para o coordenador do Núcleo de Estudos de Cidadania,
Conflito e Violência Urbana da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro) Michel Misse, a queda nos índices de criminalidade foi "conjuntural".
"Antes do Pan, a polícia invadiu o Complexo do Alemão de
forma violenta. Provocou uma
retração conjuntural em vez de
ser estrutural. As políticas públicas foram aplicadas em um
momento. (...) Após toda a operação, o crime volta e de forma
contundente."
Segundo a coordenadora do
Núcleo de Estudos de Criminologia e Direitos Humanos da
UFF (Universidade Federal
Fluminense), Edna Del Pomo,
o retorno dos casos dos chamados crimes de rua aos patamares anteriores ao Pan é reflexo
de uma política que só funciona "de forma momentânea".
"Vai voltar sempre [aos índices normais], era esperado. Esse policiamento ostensivo não
é política criminal, é uma ação
momentânea, de impacto."
De fato, os números do ISP
mostram que o aumento de policiamento no Pan foi proporcional à diminuição de crimes.
Na Barra da Tijuca (zona
oeste), onde o efetivo policial
foi o mais reforçado da cidade
pela proximidade com locais de
competição, o número de roubos caiu de 215 em junho para
171 em julho, mas subiu para
231 casos em agosto, quando o
efetivo se normalizou.
(ITALO NOGUEIRA, MÁRCIA BRASIL E LUISA BELCHIOR)
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