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Cai o número de trabalhadores sindicalizados
DA SUCURSAL DO RIO
O número de trabalhadores
sindicalizados caiu 3,3% em
2007 comparados os números
absolutos, de acordo com os dados da Pnad. É a primeira queda no indicador desde 1998.
O resultado surpreendeu especialistas ouvidos pela Folha
porque ocorre em um momento de expansão do emprego
com carteira de trabalho assinada e melhoria da renda, o
que se refletiu inclusive no aumento do número de contribuintes para a Previdência.
Em 2007, o total de descontados pelo INSS chegou a 46,1
milhões. Pela primeira vez desde o início da década de 90, o
percentual ultrapassou a metade do total de trabalhadores.
Neste cenário, a queda entre
os sindicalizados é representativa porque ocorre no governo
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que tem história ligada ao movimento sindical.
Em 2007, o país tinha cerca
de 16 milhões de trabalhadores
sindicalizados, que representavam 17,7% da população ocupada. Em 2006, eram 18,6%.
Na indústria de transformação (que pega matérias-primas
e as torna produtos comerciais), o percentual de trabalhadores associados a sindicatos era de 20,3% no ano passado, a menor desde 2002.
Para Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos
Trabalhadores), os resultados
da pesquisa refletem a necessidade de renovar os sindicatos.
"O movimento sindical já
não encanta mais os trabalhadores como na década de 1970.
Durante muito tempo lutamos
por aumentos, salário mínimo,
mas esquecemos de olhar as
demais necessidades dos trabalhadores, como serviços de
qualidade, educação e saúde."
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
Artur Henrique, atribuiu a
queda ao aumento da rotatividade de trabalhadores. Ele destaca ainda que a penetração
dos sindicatos nas pequenas e
médias empresas ainda é baixa.
"Ainda há um grande número de empresas no Brasil com
visão pouco democrática da
atuação sindical. Os setores onde a CUT tem forte representação, como bancários e administração pública, continuam com
percentual elevado de participação", afirma.
A análise dos dados em dez
anos ainda mostra um saldo
positivo. Em 1997, o país tinha
proporção de sindicalizados de
16,2% na população ocupada.
Há diferenças também entre
as regiões. A região Sul tem a
maior participação de trabalhadores ligados a sindicatos:
21,2% do total de ocupados. O
Sudeste ficou com 16,5%. A
menor taxa foi verificada no
Norte do país, com o índice de
13,3% no ano passado.
Não são só as diferenças regionais que mudam o perfil da
sindicalização. Atividades com
muitos trabalhadores informais têm percentual baixo de
sindicalizados. Nos serviços
domésticos, a participação é de
1,9% e na construção civil, de
7,3%. Já em educação, saúde e
serviços sociais, essa proporção sobe e chega a 28,6%.
Segundo Clemente Ganz Lucio, diretor técnico do Dieese,
uma das hipóteses é de um
efeito estatístico em razão do
aumento maior do número de
trabalhadores ocupados. "O ingresso no mercado de trabalho
é maior do que a capacidade
dos sindicatos de arregimentar
novos associados", disse.
Além disso, a própria melhora no mercado de trabalho contribui para o aumento da rotatividade, o que reduz o interesse pela sindicalização. Na prática, com mercado mais aquecido, o próprio trabalhador pode
optar por trocar de emprego
com oferta de vagas melhores.
Previdência
Se de um lado a pesquisa
apontou menor disposição dos
trabalhadores para se sindicalizarem, a Pnad revela que a proporção de contribuintes para a
Previdência chegou a 51,1% em
2007. Em 1997, eram 42,6%.
O aumento do percentual de
contribuintes ocorreu em todas as regiões. O Sudeste conta
com a maior proporção, de
61,6%, e a mais baixa foi registrada no Nordeste, com 32,1%.
Entre as atividades, a administração pública teve o maior percentual, com 85,8%, e o menor
foi o de atividade agrícola, com
apenas 15,4%.
Apesar de contar com o menor percentual em 1997, o percentual de contribuintes entre
os trabalhadores da agricultura
era de 9,7%.
"A maior contribuição para a
Previdência não minimiza o
problema referente ao envelhecimento da população. Esse
processo [de envelhecimento
que está ocorrendo agora] terá
impactos para o sistema previdenciário daqui a 20, 30 anos",
afirma o presidente do IBGE,
Eduardo Pereira Nunes.
A pesquisa mostra que, de
2006 para 2007, o contingente
da população de 40 anos ou
mais cresceu 4,2%, enquanto o
grupo mais jovem, de até 14
anos, teve redução de 0,7%.
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