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Vigilância reprova 65% de amostras de palmito em conserva
De 112 amostras colhidas em churrascarias, pizzarias e pastelarias do Estado de SP, 73 foram classificadas como "insatisfatórias"
Nos piores casos, as conservas apresentavam as
condições necessárias para o desenvolvimento da bactéria transmissora do botulismo
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
A maior parte dos palmitos
em conserva encontrados em
churrascarias, pizzarias e pastelarias do Estado de São Paulo
foi classificada como "insatisfatória" pelo Centro de Vigilância
Sanitária do Estado. As marcas
não foram divulgadas.
Nos piores casos, as conservas apresentavam as condições
necessárias para o desenvolvimento da bactéria transmissora do botulismo, uma doença
que pode levar à morte.
Em 2005 e 2006, técnicos do
Centro de Vigilância Sanitária
percorreram estabelecimentos
comerciais de diversas cidades
paulistas recolhendo alimentos
tidos como de risco. No caso do
palmito, 112 amostras foram
analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz. Delas, 73 tiveram algum problema -65% do total.
Um dos problemas mais encontrados, segundo o relatório
da Vigilância Sanitária, foram
"características sensoriais alteradas", o que inclui manchas,
marcas de faca e palmitos duros ou fibrosos demais.
Em parte das embalagens, os
pesquisadores identificaram
ferrugem e sujeira. Algumas
não tinham lacre de segurança.
A falha mais grave, encontrada em três amostras, foi a conserva com acidez inadequada.
O pH correto é importante porque impede a proliferação da
bactéria Clostridium botulinum, a causadora do botulismo.
A bactéria, porém, não foi achada em nenhuma amostra.
O botulismo é uma doença
caracterizada pela paralisia de
nervos e músculos, principalmente os ligados à respiração.
Pode levar à morte.
Entre 1999 e 2006, foram registrados pelo menos 32 casos
de botulismo no Brasil. Dez
pessoas morreram. A maioria
desses casos, segundo o Ministério da Saúde, teve origem nos
alimentos em conserva.
Segundo William Cesar Latorre, um dos diretores do Centro de Vigilância Sanitária,
muitos dos palmitos analisados
foram recolhidos do mercado
porque simplesmente eram
clandestinos. Sem registro comercial, os produtores não se
preocupam com todas as exigências sanitárias. "O interesse
pela fraude é tão intenso -e isso ocorre no país inteiro- porque o palmito é uma conserva
alimentícia de baixa tecnologia
e de alto valor agregado."
Cuidados
Na hora de comprar o produto no supermercado, é importante que o consumidor verifique as informações da embalagem. O rótulo deve conter a data de validade, o número do lote
e todos os dados do fabricante.
As informações devem ser
idênticas às da tampa. A embalagem não pode estar amassada
nem enferrujada.
Antes de comer o palmito em
casa, a recomendação é fervê-lo
durante alguns minutos -o calor mata a toxina botulínica.
Também é preciso cuidado
antes de comer palmito em restaurantes, caso seja servido
sem aquecimento.
"Se você não confia no restaurante, o ideal é não comer o
palmito", avisa Yolanda Mercedes, responsável pelo Laboratório de Higiene de Alimentos
da UnB (Universidade de Brasília). De acordo com ela, o palmito contaminado é exatamente igual aos demais no sabor, no
cheiro e no aspecto.
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