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Desvio no Butantan foi de R$ 35 milhões
Segundo o Ministério Público, não há evidências de que Isaias Raw, afastado da presidência, tenha recebido dinheiro
Investigação apontou que esquema foi montado por funcionários do 2º escalão; contra Raw, a acusação é de "administração temerária"
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual de São Paulo investiga um
esquema de desvio de verbas
públicas dos cofres da Fundação Butantan, braço operacional do Instituto Butantan, o
principal produtor nacional de
soros e vacinas -incluindo a
vacina para a gripe suína.
Estima-se que foram desviados mais de R$ 35 milhões da
fundação nos últimos cinco
anos. O orçamento anual do órgão é de cerca de R$ 300 milhões, segundo a Promotoria.
Por conta dessa suspeita, o
conselho curador do órgão
afastou preventivamente nesta
semana o presidente da fundação, Isaias Raw, 82, professor
emérito da Faculdade de Medicina da USP, por "gestão temerária". O afastamento do professor foi revelado ontem pela
coluna Mônica Bergamo.
Segundo o promotor Airton
Grazzioli, da Curadoria de
Fundações do Ministério Público, não há evidência de que
Raw soubesse do esquema ou
de que tenha recebido dinheiro. Porém, como alguns cheques usados para o desvio tinham assinatura do médico,
haverá responsabilização dolosa (intencional) ou culposa.
Segundo a Folha apurou, o
Ministério Público recomendou o afastamento de Raw porque ele insistia em manter uma
administração "caseira", mesmo após a descoberta dos desfalques. Aos promotores, segundo a apuração, o médico
alegava ser um cientista, preocupado com a produção, e não
com a burocracia.
O esquema criminoso foi organizado por funcionários do
segundo escalão, segundo o
promotor. Sete foram demitidos. Ninguém está preso.
Ainda de acordo com Grazzioli, a investigação teve início
no ano passado após o Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificar movimentações suspeitas.
De uma das contas da fundação foram feitas transferências
para uma empresa que conserta eletrodomésticos. Com capital social de R$ 10 mil, ela recebeu quatro depósitos no valor
de R$ 2,7 milhões, em 2007. No
total, essa empresa -que não
prestou serviços à fundação-
recebeu R$ 24 milhões.
O esquema funcionava da seguinte forma: a fundação produzia vacinas e soros para o
Ministério da Saúde. O valor da
compra era depositado numa
conta bancária da fundação.
Em algumas compras, o número fornecido pelos funcionários
era de uma conta inativa, da
qual eles tinham a senha.
Quem comandava o esquema, de acordo com a Promotoria, era o então gerente financeiro da fundação, Adalberto
da Silva Bezerra, acusado de
maquiar os balanços e ocultar
os desvios. Bezerra não foi localizado ontem.
Hisako Gondo Higashi, ex-superintendente da fundação,
também foi afastada.
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