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Megatorre jogará mil carros na Paulista em hora de rush
CET aprova certidão de diretrizes de edifício e shopping center na avenida
Obra em antigo terreno
da casa dos Matarazzo
deve começar neste ano;
vaga de garagem em
excesso é questionada
Alessando Shinoda/Folhapress
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Pórtico é a única parte que resta da casa dos Matarazzo
ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
Levado pela filha, um idoso apareceu semanas atrás
na avenida Paulista, esquina
com a rua Pamplona, "para
se despedir" de um terreno.
Quem passa por lá, no número 1.230, não costuma notar nada além de um estacionamento equivalente a quase dois campos de futebol.
O homem, porém, lembrou a imagem da casa, do
jardim, da cocheira e reparou
que pelo menos as jabuticabeiras tinham sobrevivido.
Era ali a casa de Francisco
Matarazzo, industrial de
quem aquele senhor dizia ter
sido motorista. É a mesma
área que ganhará prédio comercial e shopping center capazes de atrair mais de mil
carros em uma hora na engarrafada região da Paulista.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) aprovou no dia 2 a certidão de diretrizes da futura Torre Matarazzo, no terreno mais cobiçado da via, alvo de disputas
nas últimas duas décadas.
A emissão do documento
era analisada desde 2006.
Ele dimensiona os impactos
e ações para mitigá-los. Para
os empreendedores, é passo
fundamental para a obra ser
aprovada pela prefeitura.
O braço da Cyrela que cuida do novo edifício comprou
a área há três anos, junto
com a Camargo Corrêa, por
R$ 125 milhões. Ele já avisou
os acionistas sobre a expectativa de começar as obras
ainda neste ano -para terminá-las até março de 2014.
ESTACIONAMENTO
O estudo da CET avaliou
que, pela manhã, a nova torre deve atrair 1.090 carros na
hora mais movimentada
-um a cada três segundos.
No rush da tarde, 788 veículos chegando e 1.148 saindo em apenas uma hora.
"É suficiente para matar
uma das quatro faixas da
Paulista. O nó que já existe
vai ficar mais apertado", afirma Horácio Figueira, mestre
em engenharia pela USP.
Parte da demanda pode ir
para a Pamplona e São Carlos do Pinhal. Pela certidão
de diretrizes, as construtoras
terão de alargá-las, assim como investir em semáforos, sinalização e travessias.
A CET decidiu acatar a proposta dos empreendedores e
fixar em 1.557 as vagas de estacionamento para carros.
Significa 34% mais do que
seria exigido pela legislação.
O que pode parecer uma
solução para agilizar a entrada e saída dos motoristas é
um problema, na avaliação
do urbanista Candido Malta.
"Vaga de estacionamento
no destino das pessoas é uma
facilidade que só estimula
mais veículos na rua", diz
ele, que destaca a oferta de
metrô na própria avenida.
"Não adianta oferecer
mais vagas de garagem se
não existe margem para ampliar a capacidade do espaço
viário", reforça Jaime Waisman, professor da Poli/USP.
Técnicos citam a opção de
exigir gastos no transporte
coletivo. Figueira sugere embarque de ônibus dentro do
terreno e oferta de serviços
circulares na vizinhança.
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