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Casarão da Paulista teve tombamento cancelado
Conselho municipal exclui registros do imóvel após decisão da Justiça
Apesar de histórica por
ligação com Matarazzo,
casa foi alvo de impasse
sobre relevância para
a cultura paulistana
DE SÃO PAULO
Um mês antes da aprovação das diretrizes do trânsito
para a Paulista receber uma
nova torre, outro órgão ligado à prefeitura tomou uma
decisão simbólica ligada à
história do terreno que abrigou a casa dos Matarazzo.
O tombamento dele, determinado há 20 anos, foi oficialmente cancelado pelo
Conpresp (conselho municipal de preservação do patrimônio histórico). Na mesma
resolução, foi determinada
"a exclusão de quaisquer registros do antigo imóvel".
A decisão publicada no último dia 28 pôs a pá de cal
numa polêmica de mais de
duas décadas sobre a relevância de preservar a casa.
Segundo a Secretaria da
Cultura da gestão Gilberto
Kassab (DEM), essa foi só
"uma medida administrativa" para atualização do cadastro de imóveis tombados.
Isso porque a Justiça, a pedido do espólio de Matarazzo, já havia invalidado a decisão de tombamento, numa
ação que transitou em julgado (não cabendo mais possibilidade de recurso) em 2001.
O tombamento pelo município havia sido feito 20 anos
atrás, na gestão da ex-prefeita Luiza Erundina, que pretendia montar no local um
museu do trabalhador.
A medida fora decidida em
meio à cobiça imobiliária pelo terreno e tentativas de demolição -motivo de novas
suspeitas anos depois, até a
derrubada, em 1996.
Hoje, diz a secretaria, "não
haveria mais nada a ser preservado naquela área".
No aspecto ambiental, restam no terreno cerca de 60
árvores. A pasta do Verde e
do Meio Ambiente diz que,
há dois anos, os empreendedores citaram a intenção de
mantê-las, "com eventual
transplante de algumas".
Especialistas mencionam
a importância histórica da
antiga casa por sua ligação
com Francisco Matarazzo, pilar da industrialização do
país. Mas seu valor para ser
tombado é controverso.
O arquiteto Carlos Alberto
Cerqueira Lemos avalia que
os argumentos dos dois lados
têm pesos semelhantes.
De um, cita a representatividade de Matarazzo como
industrial. De outro, afirma
que a obra, de um arquiteto
italiano e concluída na primeira metade do século passado, não tinha muito a ver
com a cultura local.
"Não é pela arquitetura dela em si. Mas pela importância do Matarazzo. A nobreza
da Paulista foi dada por ele",
diz Candido Malta, arquiteto
e urbanista.
(ALENCAR IZIDORO)
Veja o histórico do
casarão dos Matarazzo
folha.com.br/ct800602
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