São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

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Casarão da Paulista teve tombamento cancelado

Conselho municipal exclui registros do imóvel após decisão da Justiça

Apesar de histórica por ligação com Matarazzo, casa foi alvo de impasse sobre relevância para a cultura paulistana


DE SÃO PAULO

Um mês antes da aprovação das diretrizes do trânsito para a Paulista receber uma nova torre, outro órgão ligado à prefeitura tomou uma decisão simbólica ligada à história do terreno que abrigou a casa dos Matarazzo. O tombamento dele, determinado há 20 anos, foi oficialmente cancelado pelo Conpresp (conselho municipal de preservação do patrimônio histórico). Na mesma resolução, foi determinada "a exclusão de quaisquer registros do antigo imóvel".
A decisão publicada no último dia 28 pôs a pá de cal numa polêmica de mais de duas décadas sobre a relevância de preservar a casa.
Segundo a Secretaria da Cultura da gestão Gilberto Kassab (DEM), essa foi só "uma medida administrativa" para atualização do cadastro de imóveis tombados. Isso porque a Justiça, a pedido do espólio de Matarazzo, já havia invalidado a decisão de tombamento, numa ação que transitou em julgado (não cabendo mais possibilidade de recurso) em 2001. O tombamento pelo município havia sido feito 20 anos atrás, na gestão da ex-prefeita Luiza Erundina, que pretendia montar no local um museu do trabalhador.
A medida fora decidida em meio à cobiça imobiliária pelo terreno e tentativas de demolição -motivo de novas suspeitas anos depois, até a derrubada, em 1996. Hoje, diz a secretaria, "não haveria mais nada a ser preservado naquela área".
No aspecto ambiental, restam no terreno cerca de 60 árvores. A pasta do Verde e do Meio Ambiente diz que, há dois anos, os empreendedores citaram a intenção de mantê-las, "com eventual transplante de algumas".
Especialistas mencionam a importância histórica da antiga casa por sua ligação com Francisco Matarazzo, pilar da industrialização do país. Mas seu valor para ser tombado é controverso.
O arquiteto Carlos Alberto Cerqueira Lemos avalia que os argumentos dos dois lados têm pesos semelhantes.
De um, cita a representatividade de Matarazzo como industrial. De outro, afirma que a obra, de um arquiteto italiano e concluída na primeira metade do século passado, não tinha muito a ver com a cultura local. "Não é pela arquitetura dela em si. Mas pela importância do Matarazzo. A nobreza da Paulista foi dada por ele", diz Candido Malta, arquiteto e urbanista. (ALENCAR IZIDORO)

Veja o histórico do casarão dos Matarazzo

folha.com.br/ct800602


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