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SAÚDE
SP tem mais que o dobro do número de médicos que a Organização Mundial de Saúde preconiza
CRM combate novos cursos de medicina
da Reportagem Local
free-lance para a Folha Ribeirão
"Novos cursos de medicina fazem mal à saúde". Com esse lema, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo lançou ontem uma campanha contra a
abertura de novos cursos de medicina e de novas vagas em cursos
já existentes no país.
Segundo o conselho, que tem o
apoio da Associação Paulista de
Medicina e do Sindicato dos Médicos de São Paulo, está havendo
uma "proliferação desordenada"
de faculdades por parte do MEC
(Ministério da Educação) sem
que haja necessidade social.
As consequências, segundo as
entidades, vão desde o acúmulo
de profissionais em algumas
áreas, em detrimento de outras,
até a má qualidade dos cursos e
dos profissionais (leia abaixo).
Há atualmente 92 cursos de
medicina no país -a grande
maioria na região Sudeste- e
outros 18 pedidos de abertura
aguardam aprovação apenas no
Estado de São Paulo. Nesse Estado, há uma proporção de um médico para cada 479 habitantes
-mais que o dobro do preconizado pela Organização Mundial
de Saúde (um médico para cada
mil habitantes). Por outro lado,
na região Norte a proporção é de
um para 1.489 habitantes.
"É preciso redistribuir, mas não
há justificativa para a abertura de
novos cursos", diz Pedro Paulo
Monteleone, presidente do CRM.
Nos últimos quatro anos, foram
abertas quatro faculdades de medicina em São Paulo. "Elas foram
vetadas pelo Conselho Nacional
de Saúde, mas a palavra final
quem dá é o MEC (Ministério da
Educação), que não percebe o
problema que está criando."
Para José Erivalder Guimarães,
presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, o MEC está
agindo de forma "irresponsável e
incompetente" ao liberar novos
cursos. Segundo as entidades, o
excesso de médicos nas grandes
metrópoles também gera altos
custos na área da saúde. "Há uma
explosão de demanda por exames laboratoriais e intervenções
desnecessárias", afirma José Luiz
Gomes do Amaral, presidente da
Associação Paulista de Medicina.
A cidade de Ribeirão Ribeirão
Preto (319 km de SP) tem três
cursos de medicina oferecidos
por duas instituições particulares
e uma pública.
O CRM tentou impedir a abertura dos dois cursos particulares
-Centro Universitário Barão de
Mauá e Universidade de Ribeirão
Preto-, alegando que eles não
foram autorizados pelo Conselho
Nacional de Saúde. Mas não obteve sucesso. As ações ainda tramitam na Justiça. Nenhuma das
duas universidades quis comentar o caso. Porém ambas negam
que haja qualquer irregularidade
e dizem que eles foram aprovados pelos órgãos competentes.
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