São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
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SAÚDE

SP tem mais que o dobro do número de médicos que a Organização Mundial de Saúde preconiza

CRM combate novos cursos de medicina

da Reportagem Local

free-lance para a Folha Ribeirão

"Novos cursos de medicina fazem mal à saúde". Com esse lema, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo lançou ontem uma campanha contra a abertura de novos cursos de medicina e de novas vagas em cursos já existentes no país.
Segundo o conselho, que tem o apoio da Associação Paulista de Medicina e do Sindicato dos Médicos de São Paulo, está havendo uma "proliferação desordenada" de faculdades por parte do MEC (Ministério da Educação) sem que haja necessidade social.
As consequências, segundo as entidades, vão desde o acúmulo de profissionais em algumas áreas, em detrimento de outras, até a má qualidade dos cursos e dos profissionais (leia abaixo).
Há atualmente 92 cursos de medicina no país -a grande maioria na região Sudeste- e outros 18 pedidos de abertura aguardam aprovação apenas no Estado de São Paulo. Nesse Estado, há uma proporção de um médico para cada 479 habitantes -mais que o dobro do preconizado pela Organização Mundial de Saúde (um médico para cada mil habitantes). Por outro lado, na região Norte a proporção é de um para 1.489 habitantes.
"É preciso redistribuir, mas não há justificativa para a abertura de novos cursos", diz Pedro Paulo Monteleone, presidente do CRM.
Nos últimos quatro anos, foram abertas quatro faculdades de medicina em São Paulo. "Elas foram vetadas pelo Conselho Nacional de Saúde, mas a palavra final quem dá é o MEC (Ministério da Educação), que não percebe o problema que está criando."
Para José Erivalder Guimarães, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, o MEC está agindo de forma "irresponsável e incompetente" ao liberar novos cursos. Segundo as entidades, o excesso de médicos nas grandes metrópoles também gera altos custos na área da saúde. "Há uma explosão de demanda por exames laboratoriais e intervenções desnecessárias", afirma José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina.
A cidade de Ribeirão Ribeirão Preto (319 km de SP) tem três cursos de medicina oferecidos por duas instituições particulares e uma pública.
O CRM tentou impedir a abertura dos dois cursos particulares -Centro Universitário Barão de Mauá e Universidade de Ribeirão Preto-, alegando que eles não foram autorizados pelo Conselho Nacional de Saúde. Mas não obteve sucesso. As ações ainda tramitam na Justiça. Nenhuma das duas universidades quis comentar o caso. Porém ambas negam que haja qualquer irregularidade e dizem que eles foram aprovados pelos órgãos competentes.


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